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"Não podemos dramatizar, nem banalizar" incidentes no Bairro da Jamaica

O primeiro-ministro apelou hoje para que não se transforme num paradigma os incidentes ocorridos no bairro da Jamaica, no Seixal, e defendeu que há boas razões para se confiar na polícia, frisando que há inquéritos em curso.

"Não podemos dramatizar, nem banalizar" incidentes no Bairro da Jamaica
Notícias ao Minuto

20:25 - 24/01/19 por Lusa

País António Costa

António Costa falava aos jornalistas após ter visitado o espaço da "Ephemera", Arquivo e Biblioteca José Pacheco Pereira, no Barreiro, acompanhado pela ministra da Cultura, depois de ter sido questionado pelos jornalistas sobre os incidentes no bairro da Jamaica, no Seixal.

"Não podemos dramatizar aquilo que são incidentes, nem banalizar a situação. Temos boas razões para confiar na nossa polícia, como temos boas razões para confiar nos cidadãos que vivem em Portugal, sejam portugueses ou estrangeiros, não transformando um caso concreto num paradigma e numa realidade que não é a nossa", reagiu o primeiro-ministro.

Nestas situações de tensão, segundo António Costa, a atitude certa é "manter a serenidade de forma a que todos retomem a razão".

"Se houve uma ação de violência policial, ela tem de ser devidamente apurada e punida. E se há ações de violência contra a polícia, também têm de ser punidas. Mas, temos de deixar que as autoridades cumpram as suas funções", disse.

O primeiro-ministro referiu, então, que "há participações ao Ministério Publico e um inquérito aberto pela Inspeção Geral da Administração Interna".

"Portanto, temos de deixar que tudo seja apurado por forma a não tirarmos conclusões precipitadas. O país tem zonas, sobretudo na periferia das áreas metropolitanas, onde há focos de tensão devido às condições de vida existentes. Há um trabalho e um esforço continuo a fazer", completou.

António Costa salientou depois que o Governo "assumiu como prioritária a intervenção" no Bairro da Jamaica e, em dezembro passado, em conjunto com a Câmara do Seixal, "já se procedeu ao realojamento das primeiras 64 famílias".

"Temos um programa para que, nos próximos anos, haja um realojamento total das pessoas do bairro, assegurando-lhes o direito de viver em habitações condignas. Portanto, não devemos dramatizar incidentes, que acontecem, apesar de não deverem ocorrer, mas também não banalizar a situação", completou.

Perante os jornalistas, o primeiro-ministro fez questão de insistir "que não se deve transformar um caso concreto num paradigma de uma realidade que, felizmente, não é portuguesa".

"Vamos esperar que os próximos dias sejam de acalmia no exercício de direitos - direitos que todos têm - de protestar e de apresentar queixas, sendo as autoridades chamadas à responsabilidade se for esse o caso", frisou.

Questionado sobre as queixas de racismo e de violência excessiva por parte das forças policiais, António Costa referiu que o Alto Comissariado para a Integração e Minorias Étnicas tem estado "em contacto com as pessoas residentes em Vale de Chicharros, inclusive com a própria família vítima de agressão", procurando "apurar o que se passa nessa matéria".

"Há uma outra dimensão que é a intervenção da Inspeção Geral da Administração Interna relativamente à atuação das forças policiais. O pior erro que a sociedade poderia cometer era transformar um conflito ocasional no final de uma festa num bairro com o paradigma da vida nesse bairro, ou uma atuação policial eventualmente fora das regras num paradigma da atuação policial. Ora, nem uma, nem outra são a regra, mas, antes, exceções", sustentou.

Para o primeiro-ministro, nesta situação, "importa manter a serenidade, apurar as responsabilidades e criar as condições para que a acalmia regressa".

"A questão da segurança urbana é extremamente difícil. Há um trabalho muito grande que, quer a PSP, quer a GNR, têm desenvolvido no policiamento de proximidade e há um esforço grande a ser feito para a melhoria das condições de vida nos bairros", acrescentou.

Três dezenas de caixotes do lixo e ecopontos foram incendiados durante a noite de hoje em toda a área do Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS), com especial incidência no concelho de Sintra, revelou a PSP.

De acordo com a mesma fonte, ardeu um autocarro em Setúbal, pelas 02:35, na Avenida Bento de Jesus Caraça.

Fonte da PSP disse ainda que foram detidas três pessoas, mas a polícia ainda está a investigar se estão ou não relacionadas com o incidente do autocarro.

As últimas noites têm sido marcadas por diversos atos de vandalismo na Área Metropolitana de Lisboa e em Setúbal.

Estes atos começaram depois de uma manifestação, na segunda-feira, em Lisboa, contra a violência policial, após uma intervenção da PSP no bairro da Jamaica, no Seixal (Setúbal), no domingo, que resultou em incidentes entre os moradores e a polícia que provocaram cinco feridos civis e um agente.

Num comunicado anterior, a PSP esclareceu que "nada indicia, até ao momento, que [estes incidentes] estejam associados à manifestação" de protesto que decorreu na segunda-feira, em frente ao Ministério da Administração Interna.

Após a manifestação de segunda-feira em Lisboa, quatro pessoas foram detidas na sequência do apedrejamento de elementos da PSP por participantes no protesto.

O Ministério Público e a PSP abriram inquéritos aos incidentes no bairro da Jamaica.

Entretanto, a PSP reforçou nos últimos dias o policiamento na Bela Vista, em Setúbal, e em algumas zonas dos concelhos de Loures, Odivelas e Sintra (distrito de Lisboa), após os incidentes registados com o lançamento de "cocktails Molotov" contra uma esquadra e o incêndio de caixotes do lixo, ecopontos e de várias viaturas.

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