Marcelo à 'boleia' alerta para descida da idade de reforma a camionistas
O Presidente da República alertou ainda para as dificuldades dos camionistas que, agora, são obrigados também a fazerem cargas e descargas.
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Chegou ao fim a viagem de camião de Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República fez o percurso Lisboa-Porto neste meio de transporte com o objetivo de testemunhar os problemas dos motoristas. No final, o chefe de Estado mostrou-se satisfeito, ressalvando que foi uma viagem “muito gratificante”.
Depois de uma paragem para o almoço em Condeixa-a-Nova, Marcelo trocou de motorista e fez o resto do percurso à ‘boleia’ de Alexandrina Santos, a quem competiu dar conhecimento ao Presidente dos problemas que afetam esta classe, nomeadamente as mulheres, que, pelas suas contas, serão cerca de 30 a conduzirem camiões internacionais.
Um dos problemas, explicou, radica no facto de “as áreas de serviço estarem pensadas para homens”. Outro dos problemas, agora da classe na generalidade, centra-se na idade da reforma dos camionistas de longo curso, uma atividade com desgaste, em que se está ao volante "horas e horas", de dia ou de noite, e, por vezes, "em condições climatéricas horríveis e em situações muito, muito difíceis", explicou aos jornalistas.
Para o chefe de Estado, face aos relatos que foi ouvindo durante a viagem, "faz com que tenha alguma lógica considerar que aos 61, 62, 63 ou 64 anos não se tenha a visão, os reflexos ou a capacidade física" necessárias para a tarefa.
Num percurso entre Condeixa-a-Nova e a Mealhada, que a agência Lusa acompanhou, Marcelo Rebelo de Sousa, no lugar do pendura, foi fazendo perguntas à camionista de longo curso Alexandrina Santos, mas também tecendo algumas considerações.
Para além da questão da idade da reforma, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se também preocupado com o facto de os motoristas terem de fazer cargas e descargas, uma atividade que não é a sua e que acaba por representar "uma sobrecarga adicional".
"A questão da idade da reforma e das cargas e descargas, no que for possível, [vou] explicar a quem de direito e, desde já, aos portugueses", vincou o Presidente da República.
Na viagem pelo IC2 (também conhecido como Estrada Nacional número 1), em que o camião foi sendo recebido por buzinões de outros pesados, Marcelo Rebelo de Sousa salientou a importância destes profissionais para o país.
"Muitas vezes - tenho esse peso na consciência - de que quando vamos com pressa pensamos: Lá está aquele chato a empatar o trânsito. Como não arranjam maneira de circular a horas em que nós não estamos a circular?'. Percebe-se como é injusto esse juízo. Nada era possível na nossa vida se eles e elas não existissem. Parava o país", frisou.
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