Paraquedistas portugueses regressam a Bambari após confrontos em novembro
Os paraquedistas portugueses da 4.ª Força Nacional Destacada, em missão na República Centro-Africana (RCA) ao serviço da Organização das Nações Unidas, regressaram a Bambari, informou hoje o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA).
© Reuters
País RCA
Nesta cidade, situada no centro do país, a 400 quilómetros da capital Bangui, os paraquedistas, em novembro, estiveram envolvidos em vários e prolongados combates urbanos, para proteção da população civil.
Dos confrontos com grupos "fortemente armados" resultou um ferido ligeiro entre os militares portugueses, recordou o EMGFA, no comunicado que colocou no seu sítio na internet.
Nesta zona e durante as operações de manutenção de paz, os "capacetes azuis" portugueses sofreram várias emboscadas e vários bloqueios de passagens, o que para o EMGFA é "consequência da demonstração de força dos grupos armados contra a presença de 'capacetes azuis' na região".
A presente missão vai ter como prioridade "a proteção e a segurança de civis inocentes na região, que têm sido diretamente atingidos pelos confrontos interétnicos entre os diferentes grupos armados presentes na cidade".
O EMGFA detalhou que "os grupos armados disputam entre si recursos e a cobrança ilegal de impostos à população, ameaçando atualmente a estabilidade, a segurança e a liberdade de circulação, com impacto direto no exercício pleno do Estado de Direito por parte das instituições governamentais".
Foi ainda salientado no texto do EMGFA que o contingente português está a utilizar pela primeira vez num teatro de operações em África as viaturas blindadas de rodas Pandur, projetadas recentemente pelo Exército para a RCA.
Estas viaturas proporcionam "uma maior proteção à força e maior versatilidade na condução das exigentes operações com que os militares portugueses se têm deparado constantemente no terreno", avançou o Estado-Maior-General.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
O Governo do Presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.
O resto é dividido por 18 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
Portugal participa na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), comandada pelo tenente-general senegalês Balla Keita, que já classificou as forças portuguesas como os seus 'Ronaldos'.
"Ronaldo é o melhor jogador do mundo e quando as nossas tropas são classificadas de 'Ronaldos' isso tem uma leitura muito clara. Sentimos orgulho pela forma como o seu trabalho é reconhecido", disse o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, à agência Lusa.
Portugal tem 214 militares empenhados em missões na RCA, dos quais 159 na MINUSCA - uma companhia de paraquedistas e elementos de ligação - e 50 na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA).
A importância da participação portuguesa é ainda salientada pelo facto de o 2.º comandante da MINUSCA ser o general Marco Serronha e o comandante da EUMT-RCA ser outro oficial general português, o brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.
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