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Geólogo preocupado com habitações em zonas de risco nos Açores

O geólogo da Universidade dos Açores Rui Marques alertou hoje para a existência de habitações construídas em zona de risco, junto ao mar, referindo que a "forte erosão" marinha vai tornar este cenário mais preocupante.

Geólogo preocupado com habitações em zonas de risco nos Açores
Notícias ao Minuto

10:28 - 30/12/18 por Lusa

País Santa Clara

Em declarações à agência Lusa, o doutorado em riscos geológicos pela academia açoriana referiu que nas ilhas do arquipélago as arribas, "face à sua inclinação e aos materiais que as constituem, são muito suscetíveis a movimentos de vertente" desencadeados pela precipitação e pela erosão marítima.

Segundo o especialista, a proximidade das habitações às cristas das arribas faz com que se esteja perante "locais de risco" não só na ilha de São Miguel como nas restantes ilhas do arquipélago.

"Se algumas destas casas há 50 ou 100 anos tinham alguma distância das cristas das arribas, com a erosão lenta do mar a crista vai recuando e hoje há habitações muito próximas e em zonas de risco", afirmou Rui Marques.

Em algumas zonas específicas, como Santa Clara, Fenais da Luz ou Rabo de Peixe, em São Miguel, várias habitações construídas junto ao mar apresentam risco de ruir devido à erosão.

O Governo Regional tem procurado realojar as famílias residentes, mas nem sempre há acordo com os moradores.

O investigador referiu que nas ilhas dos Açores têm sido desenvolvidos mapas de suscetibilidade que "identificam, sob o formato de cartas, os locais com maior propensão para a ocorrência de movimentos de vertente".

Estes mapas já se encontram em instrumentos de gestão territorial do arquipélago e "atualmente é proibida a construção em alguns destes locais de risco", sendo o "grande problema as casas que foram construídas numa altura em que não havia proibição".

Também os presidentes de juntas de freguesias de áreas com habitações em risco se mostram preocupados.

O presidente da Junta de Freguesia dos Fenais da Luz, Vítor Almeida, disse à agência Lusa que, apesar de já terem sido realojados alguns agregados familiares de uma falésia que oferece insegurança, o "perigo é constante", assistindo-se "todos os anos a aluimentos".

Situada na costa norte do concelho de Ponta Delgada, incluindo os lugares do Bom Jesus dos Aflitos e do Farropo, a freguesia tem cerca de dois mil habitantes.

O responsável defende uma "intervenção forte" por parte do Governo Regional na zona das derrocadas e refere, citando pareceres científicos de técnicos da Universidade dos Açores, que existem soluções "não muito onerosas" que podem ser adotadas para reforçar a segurança no local.

O autarca referiu, por outro lado, que existe um projeto submetido ao Orçamento Participativo de Ponta Delgada que visa, entre outras medidas, condicionar a circulação de veículos no local e reforçar a segurança da população.

O responsável pela Junta de Freguesia de Santa Clara, António Cabral, lamentou que na freguesia -- com cerca de 4.500 habitantes e localizada na periferia de Ponta Delgada -- alguns habitantes se recusem a sair, apestar das propostas do Governo Regional para o seu realojamento.

António Cabral gostaria de ver todos os habitantes retirados da zona de perigo por forma a que seja desenvolvido um projeto que garanta a estabilidade da área, visando garantir a segurança de quem circula junto ao local.

A agência Lusa tentou obter um comentário do presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, mas sem sucesso.

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