POUPANÇA NO MINUTO
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"Afonso Henriques conquistou Lisboa e nós temos de defender as colinas?"
Miguel Sousa Tavares acusa a Câmara Municipal de Lisboa de permitir que tirem “a vista que é de todos”.
© Global Imagens
País Miguel Sousa Tavares
Nas últimas semanas muito se tem falado do projeto, destinado a habitação com estacionamento, que poderá prejudicar as vistas do Miradouro da Senhora do Monte, na freguesia lisboeta da Graça. A polémica foi tanta que originou protestos dos moradores, petições online e até o adiamento da apreciação do projeto de arquitetura em reunião privada do município.
Esta segunda-feira, também Miguel Sousa Tavares, no seu espaço de comentário semanal no Jornal da TVI, falou do assunto, acusando a Câmara Municipal de permitir que as vistas de Lisboa sejam “privatizadas”.
“Segui a polémica com a Senhora do Monte e com o largo da Graça e, de repente, percebo que, a partir do nada, as colinas de Lisboa e as vistas de Lisboa, que é aquilo que torna Lisboa uma cidade característica pode desaparecer sem mais nem menos porque algum 'chico esperto' lembra-se de chegar e fazer sua a vista que é de todos, porque um arquiteto dispõe-se a assinar aquilo e alguém na Câmara se dispõe a validar o processo”, explica.
Sousa Tavares recorda ainda que o sistema de vistas da cidade é do domínio público e que não pode ser retirado por nenhum “especulador imobiliário”.
“O D. Afonso Henriques conquistou o Castelo e as colinas de Lisboa aos mouros e agora nós temos de defender as colinas da nova invasão francesa? Chega aqui um francês e tira aquilo que é de todos? O sistema de vistas da cidade é do domínio público, está consolidado, para mim é como uma praia, como um rio. É público, é de todos. Não pode ser privatizado, a vista não pode ser privatizada por algum especulador imobiliário que chegou de França, da China ou do Brasil”, disse.
O escritor aproveitou também para relembrar que esta situação não acontece com a vista do Miradouro Nossa Senhora do Monte. Já aconteceu com a paisagem das traseiras do Palácio das Necessidades, Largo da Graça e muitos outros locais espalhados pela capital.
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