De acordo com o anúncio, o valor base do concurso é de cerca de 1,2 milhões de euros, sendo o prazo de execução de ano e meio, e a antiga fábrica, com uma área total de 352,47 metros quadrados, será dividida em "Espaço de Memórias", zona multifuncional e área de restauração.
O edifício da fábrica ficou ao abandono após cessar a laboração e esteve em perigo, mas a Câmara de Estarreja que, entretanto, o adquiriu, procedeu em 2016 a uma demolição parcial, por ameaça de derrocada.
Nessa altura a autarquia retirou um conjunto de equipamentos e utensílios usados no descasque de arroz, com vista à criação de um núcleo museológico ligado ao ciclo do arroz, que deverão voltar ao edifício, após estar concluída a sua reabilitação.
"Encontrámos uma solução para que esse fim não se desse. Seria a perda de um pedaço de património histórico de valor, e nós não o permitimos", comentou na ocasião o presidente da Câmara de Estarreja, Diamantino Sabina, considerando a antiga fábrica do descasque do arroz "um marco histórico no concelho de Estarreja".
De acordo com um trabalho publicado na revista "Terras de Antuã", a fábrica de descasque de arroz foi instalada junto à estação da CP nos anos 20 do século passado e para a sua laboração foi feito um pequeno açude no Rio Antuã e montada uma turbina hidroelétrica, aproveitando os antigos moinhos da Quinta da Costa, que fornecia energia à unidade fabril, mas também para a iluminação pública de algumas ruas da vila.
Nos campos de Estarreja e um pouco por todo o Baixo Vouga lagunar, a cultura do arroz ocupou vastas áreas, sobretudo a poente da Linha do Norte, mas a produção veio a entrar em decadência com a falta de mão-de-obra braçal, devido à emigração, e por causa da concorrência dos arrozais do Sado, Tejo e Mondego, onde foi introduzida a mecanização.