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Mulher acusada de matar marido em Torres Vedras confessa crime

Uma mulher acusada de ter matado o marido à facada, em fevereiro deste ano, em Torres Vedras, confessou hoje no Tribunal de Loures a autoria do homicídio, afirmando, no entanto, que tinha "apenas intenção de causar dor".

Mulher acusada de matar marido em Torres Vedras confessa crime
Notícias ao Minuto

21:11 - 07/11/18 por Lusa

País processo

A arguida, de 48 anos, está acusada de um crime de homicídio qualificado e outro de ofensa à integridade física, depois de ter agredido um agente da PSP na esquadra de Torres Vedras, no distrito de Lisboa, a 12 de fevereiro, um dia antes de, alegadamente, ter cometido o homicídio.

A acusação do Ministério Público (MP) refere que a mulher, reformada, "padece de debilidade mental de grau ligeiro e perturbação da personalidade" com "fragilidades estruturais e mecanismos de defesa primários", de acordo com as conclusões de um relatório pericial psiquiátrico realizado em 2013.

O início da audiência de hoje ficou marcado por momentos de indecisão por parte da arguida, sobre se prestaria ou não declarações em tribunal, levando o coletivo de juízes a abandonar a sala por uns minutos, para que a decisão pudesse ser tomada com apoio da advogada de defesa.

Retomada a sessão, a mulher admitiu ter matado o marido, de 83 anos, a 13 de fevereiro, mostrando arrependimento, embora tenha afirmado que apenas "queria provocar dor".

"Eu pensava que ia fazer doer e ficava curado. Foi tudo nervosismo", afirmou.

Confrontada pelo coletivo de juízes com o facto de ter utilizado "uma faca de grandes dimensões", tendo consciência que provocaria graves ferimentos, a arguida respondeu que se sente "arrependida".

"Eu cometi um erro. Às vezes erro e outras não, há vezes que sei e outras que não. Nesse dia não estava lá muito bem, pensava que ia só fazer ferida e não fazer o mal", acrescentou.

A mulher está acusada também de um crime de ofensa à integridade física por ter agredido, no dia 12 de fevereiro, cerca das 21:00, um agente da esquadra da PSP de Torres Vedras com uma "bofetada", por este ter "aberto a porta".

Em tribunal, a arguida afirmou não ter memória de ter acontecido nada "na noite anterior a ter feito o mal" ao marido, tendo remetido os factos desse dia para o dia seguinte, quando, alegadamente, se foi entregar na esquadra da PSP.

Questionada sobre a relação conflituosa que mantinha com a vítima, a arguida afirmou que "se davam bem, estavam sempre contentes", embora tivesse sido condenada, em janeiro deste ano, a uma pena suspensa de 14 meses de prisão por agressões físicas e verbais contra polícias que, em fevereiro de 2016, tiveram de intervir na via pública, após a mulher espancar o marido numa bomba de gasolina e o empurrar para uma estrada.

A arguida afirmou que "apenas duas vezes maldosas" se tinha incompatibilizado com o marido, referindo-se ao episódio ocorrido em 2016 e à acusação de homicídio, em fevereiro deste ano.

Foram ouvidas duas testemunhas por videoconferência, a partir do Tribunal de Torres Vedras, agentes da esquadra da PSP daquela cidade, um deles o agredido pela arguida a 12 de fevereiro e outro que foi chamado à casa do casal onde o crime terá alegadamente ocorrido.

O agente que foi ao local do crime afirmou que a arguida se "mostrava aparentemente normal, sem sinais de nervosismo", enquanto o agente que terá sido alvo de uma "bofetada" da arguida, na esquadra da PSP de Torres Vedras, afirmou que a mulher "não tinha um discurso coerente", acrescentando que as diligências que efetuaram não permitiram perceber o porquê de se ter deslocado à esquadra naquela noite.

Um inspetor da Polícia Judiciária (PJ), também ouvido hoje em tribunal, afirmou que o discurso da arguida era, no dia em que o homicídio foi alegadamente cometido, "desconexo".

"Não dizia coisa com coisa, chamava-nos uma quantidade de nomes, que não eram ofensivos sequer, chamava-nos Deus e Pai do Céu. Não se lembrava de nada, não falava do que tinha acontecido", afirmou.

A próxima sessão do julgamento decorre dia 28 de novembro, às 09:30, no Tribunal de Loures, faltando ainda ouvir várias testemunhas, de acordo com a juiz presidente.

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