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Pelos menos 250 extorsões atribuídas a grupo criminoso internacional

Um grupo criminoso internacional concretizou em Portugal no mínimo 250 extorsões, com um esquema que começava por propostas para afiar facas e ferramentas e evoluía para ameaças de morte, disse hoje à Lusa fonte ligada à investigação.

Pelos menos 250 extorsões atribuídas a grupo criminoso internacional
Notícias ao Minuto

13:07 - 30/10/18 por Lusa

País Ministério Público

"O valor que se propunham extorquir dependia muito das situações. Quando as pessoas se intimidavam, mais eles exageravam", disse a fonte.

Os casos ocorreram de 2002 a 2013 e foram reunidos num só processo-crime sob tutela do Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto (DIAP), estando deduzida acusação contra 53 pessoas, três das quais estão em prisão preventiva e a maioria dos restantes em parte incerta, e com mandado de captura internacional pendente.

O Jornal de Notícias, que dá hoje manchete ao assunto, refere que os autores dos crimes "pertencem a seis clãs que se misturaram entre si" e que provinham de países como Espanha, França, Itália, Alemanha ou Holanda. Os alvos eram empresas, públicas e privadas, ligadas à agroindústria (cooperativas, leitarias e herdades), metalurgias, pichelarias, talhos, pastelarias, tipografias, consultórios de dentistas e hospitais.

Um dos casos ocorreu no hospital de Valongo, numa altura em que a unidade ainda não estava integrada no Centro Hospitalar de São João, onde o Conselho de Administração se viu obrigado a pagar aos chantagistas para fazer cessar ameaças de agressão "à facada" a uma responsável hospitalar.

Excertos do inquérito nº 494/10.6TAVLG, que foi apensado ao processo principal, indicam que os episódios do hospital de Valongo começaram em 15 de fevereiro de 2010, altura em que dois dos arguidos ali foram propor um serviço de afiação de material cirúrgico. Utilizaram um impresso que continha palavra "fatura", que foi riscada e substituída por "orçamento" e onde foi manuscrito o preço de 48 cêntimos por "comprimento do corte da peça".

"Não obstante saberem que tal serviço não havia sido contratado, até porque dependia de aprovação superior", os arguidos voltaram ao hospital para levar 300 peças para afiar, alegando que tinham autorização para o efeito, refere o texto do inquérito-crime a que a agência Lusa teve acesso.

Já no dia 01 de março de 2010, voltaram ao hospital, restituíram os objetos e reclamaram o pagamento de 19 mil euros.

Perante a recusa, passaram à intimidação e à chantagem, "propalando, para o efeito e em tom sério e convincente, anúncios de agressão 'à facada'". As ameaças só pararam quando, a 19 de março, o Conselho de Administração transferiu para uma conta indicada pelos chantagistas a quantia de 7.100 euros.

Situação similar ocorreu no hospital de Anadia, no distrito de Aveiro.

Uma das situações mais gravosas, tendo em conta o valor obtido pelos chantagistas, aconteceu em novembro de 2009 na Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora, onde conseguiram extorquir de 23.541 euros a um responsável daquela firma do universo empresarial de José Roquette.

"Tens filhos e sabes como é", ameaçaram, repetidamente, o homem até conseguirem extorquir-lhe a quantia exigida.

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