"A procissão ainda vai no adro". É desta forma que Luís Marques Mendes começa o seu comentário, de domingo à noite na SIC, a propósito do tema Tancos, que tanto tem dado que falar.

Há mais de um ano que o caso do desaparecimento das armas de guerra deste paiol está a ser falado e, mais recentemente, com o alegado encobrimento, o caso tomou proporções ainda mais graves levando mesmo ao pedido de demissão do ministro da Defesa Nacional e à detenção de vários suspeitos.

Perante as últimas informações, que dão conta de que Azeredo Lopes, que entretanto pediu demissão da pasta da Defesa, sabia do reaparecimento suspeito das armas roubadas de Tancos, Luís Marques Mendes acusa o Governo de ter “faltado à verdade” e de ter começado “uma fase das mentiras, mentirinhas e meias verdades”.

Para o comentador, o que se vê sobre o caso “é feio”, mas “mais importante que isso” é o Governo ter passado a estar sob suspeita esta semana.

“Há aqui uma mudança essencial: o Governo passou a estar sob suspeita. Até agora a Polícia Judiciária Militar tinha feito um encobrimento ao caso de Tancos e, portanto, tinha cometido um crime e estava a ser investigada, mas quanto ao Governo, dizia-se que não tinha nada a ver com isso, porque não sabia de nada. Só que, afinal, esta semana, o Governo está no centro do furacão”, referiu, relembrando que o antigo chefe de gabinete do antigo ministro da Defesa admitiu ter recebido da Polícia Judiciária Militar o documento e ter entregue o mesmo a Azeredo Lopes.

Segundo o social-democrata, o Governo mostrou, com estas atitudes, que “não só sabia e conhecia, como estava feliz com a operação feita pela Polícia Judiciária Militar”.

“Estavam todos felizes, sabiam, conheciam, e isto é grave, porque as tais pessoas que queriam reconhecer publicamente são agora todos arguidos, participaram, bem ou mal, numa operação que é criminosa”, explicou adiantando que é da opinião de que o Executivo “devia vir a público dar uma explicação do que está a acontecer”.

Marques Mendes afirmou ainda que apenas Marcelo Rebelo de Sousa esteve bem perante o caso de Tancos.

“No meio de tudo isto só houve uma entidade que se portou bem do princípio ao fim, o Presidente da República. Desde o primeiro momento que Marcelo Rebelo de Sousa disse: ‘investigue-se, investigue-se, investigue-se’. Mesmo quando o Governo, que estava muito feliz com a recuperação das armas, o Presidente da República não se congratulou", concluiu.