Deco: Tragédias foram potenciadas por ausência de políticas públicas
O presidente da Deco, Vasco Colaço, disse hoje que muitos dos fenómenos e tragédias intensificados pelas alterações climáticas foram "potenciados pela ausência de políticas públicas eficazes no planeamento e na gestão dos territórios e dos recursos naturais".
© Global Imagens
País Vasco Colaço
Vasco Colaço que falava na abertura da conferência internacional 'Consumidores e Justiça Ambiental', no Porto, defendeu, aliás, que as alterações climáticas vieram evidenciar um problema para o qual os sistemas políticos não tem encontrado resposta, ao permitirem que as democracias representativas, tenham esquecido a procura do bem comum em detrimento da satisfação de grupos de interesse particular que agora encontram um campo fértil nos nacionalismo emergentes".
De acordo com os especialistas, salienta o presidente da Deco, as catástrofes de 2017 em Portugal marcaram uma nova geração de incêndios, onde a combinação entre alterações climáticas e monoculturas florestais, concentrando quantidades letais de combustível, tornam insuficientes os melhores dispositivos de combate.
"As estatísticas indicam que 98% dos incêndios são rapidamente extintos, mas os [restantes] 2% são responsáveis por 95% da área ardida. A conclusão que se retira é crua e implacável: para evitar incêndios devastadores em condições especialmente hostis provocadas pelas alterações climáticas, a chave está no ordenamento e não no combate", defendeu.
É neste contexto, acrescenta aquele responsável, "que emerge o conceito de justiça ambiental, que visa eliminar ou evitar que determinados grupos social e economicamente mais vulneráveis suportem uma parcela desproporcionada das consequências ambientais mais negativas geradas pelas alterações climáticas".
Segundo Vasco Colaço, já não chega intervir numa lógica preventiva, pelo que o movimento de defesa do consumidor deve ser mais ambicioso e assumir um papel decisivo naquilo que é a definição das políticas públicas que promovam a sustentabilidade ambiental e uma boa gestão dos recursos naturais.
"Iremos interpelar e responsabilizar os governos e as entidades públicas e privadas pelas decisões e comportamentos que provoquem agressões ao ambiente e ameaças à saúde pública. Iremos exigir as compensações devidas pelos prejuízos causados", afirmou.
Em declarações à margem da Conferência Internacional Consumidores e Justiça Ambiental, que decorreu no Centro de Congresso da Alfândega do Porto, e que é uma parceria com organização europeia do Consumidor, BEUC, que representa 66 associações, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, disse que Portugal está no bom caminho no que diz respeito à gestão do território, mas admitiu que "uma transformação de fundo num processo como este é de facto uma transformação que demora".
"Temos de nos atrever a desenhar uma nova paisagem. Esse é um exercício que nunca foi feito em Portugal e que está agora a começar a ser feito exatamente no seguimento do incêndio que aconteceu na serra de Monchique, envolvendo os concelhos de Monchique e de Silves", afirmou.
Para João Matos Fernandes, este novo desenhar da paisagem engloba "a compensação dos serviços de ecossistemas, isto é o pagamento direto àqueles que vão optar por usar o seu território com menos ganhos económicos diretos, mas cujos serviços de ecossistema que presta à comunidade são da maior importância".
Segundo o governante, as consequências dos incêndios de 2017 foram já muito mitigadas ao longo deste ano, fruto de um grande envolvimento dos portugueses nomeadamente na redução das queimadas.
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