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'Quando +1 é = - 1': Uma equação errada que pode mudar mentalidades

Falamos de uma iniciativa que pretende sensibilizar os mais novos para o aumento do lixo no mar e nas praias.

'Quando +1 é = - 1': Uma equação errada que pode mudar mentalidades

Sónia Ell não se recorda que idade tinha quando ganhou consciência que tinha de ajudar a salvar o Planeta, mas sabe que foi desde muito cedo. E acredita que qualquer um de nós o pode fazer com pequenas mudanças de comportamento. Por isso, agora com 45 anos, e depois de muitos mergulhos, decidiu que queria sensibilizar as crianças para a poluição marinha “porque nem todos os adultos têm a capacidade de mudar os seus hábitos e porque o futuro deste Planeta é delas”.

A diretora de joalharia de luxo, de profissão, decidiu assim criar o ‘Quando + 1 = -1’, um projeto que tem como nome uma equação matemática errada mas que pretende fazer o que é certo para o Planeta, ajudando a mudar os hábitos da sociedade, nem que seja “de uma em cada 100 pessoas”.

E qual o melhor local para mudar mentalidades? A escola. Por isso, Sónia decidiu que era por aqui que devia começar. Falou com biólogos, psicólogos, educadores de infância, outros mergulhadores, em Portugal e noutros países, e tentou apresentar “um esboço do projeto” ao Ministério da Educação, apesar de até hoje não ter obtido qualquer resposta.

Notícias ao MinutoLixo recolhido por Sónia durante um mergulho© Sónia Ell

Mas, a também formadora de ‘soft skils’, não desistiu. Não podia desistir e deixar-se ficar no sofá a “chorar a ver tantos documentários e notícias sobre a destruição diária do Planeta. Tinha de colocar as mãos na massa, ou melhor, no lixo”. Falou diretamente com professores, palmilhou escola a escola e, depois de vários contactos, começou finalmente a receber convites para partilhar, com todos, os conhecimentos adquiridos sobre o lixo marinho que, mais dia menos dia, vai parar à nossa mesa.

Quero mostrar, acima de tudo que, os resíduos que resultam do nosso consumo, invariavelmente, acabam no mar, se não entrarem no circuito correto de reciclagem ou incineração, e que as consequências não serão ‘tão somente’ os ‘continentes’ de lixo que flutuam nos oceanos, ou o lixo acumulado nos fundos marinhos, mas a forma como ‘sorrateiramente’ regressam ao nosso prato, em pequenas partículas, e mais ainda do que isso, em que medida afetam as espécies marinhas e o mundo aquático”, explica Sónia em entrevista ao Notícias ao Minuto.

Em termos práticos, o projeto, em regime de voluntariado, é composto por duas etapas. A primeira realiza-se no mar e consiste na apanha de lixo e recolha de imagens. De seguida, já em terra, Sónia vai relatar o que vê, através da sua máscara de mergulho, a crianças entre os 7 e os 12 anos, “envolvendo-os, essencialmente, nas soluções ao alcance de cada um, através das fotos, jogos pedagógicos, exemplos práticos, ao longo da ação de sensibilização sobre o grande e infeliz tema do lixo marinho”.

A formadora quer demonstrar que pequenas alterações de comportamento de consumo diários, per capita, podem fazer toda a diferença ao fim de 365 dias e passar a mensagem de modo a que "+1 pessoa mude alguns dos seus hábitos, e represente -1 a penalizar o planeta com os seus atos".

Notícias ao MinutoLixo recolhido por Sónia durante um mergulho© Sónia Ell

Sónia alerta ainda para os perigos da recolha de lixo. Na praia, qualquer tipo de objeto pode (e deve) ser apanhado e depositado nos locais adequados, desde que com cuidado para quem o recolhe. Contudo, no mar, a responsabilidade aumenta e a atenção tem de ser redobrada porque, explica Sónia, "muito do lixo marinho, dependendo do tempo que tem de permanência no fundo, pode, entretanto, ter sido aproveitado por algumas espécies como albergue, refúgio ou mesmo maternidade pelas espécies marinhas".

Ainda durante a entrevista ao Notícias ao Minuto, Sónia garantiu que mesmo quem não mergulha, nem costuma frequentar a praia, pode ajudar a melhorar o ecossistema marinho "com as escolhas de consumo que faz todos os dias".

"Se diminuirmos o consumo de sacos de plástico, palhinhas, garrafas, talheres e copos de plástico, produtos com microplásticos (esfoliantes, por exemplo), e essencialmente produtos de ‘one single use’, já estaremos a diminuir as consequências do seu fim de vida. Ao escolhermos produtos de origem sustentável evitamos a extinção de algumas espécies marinhas. Se se reutilizar mais, fazemos menos lixo, se se reciclar mais, os riscos de lixo fora do circuito correcto diminuem e menos riscos há de acabarem no mar. A equação + 1 é = - 1 pode tornar-se assim exponencial. Felizmente já estão previstas a longo prazo muitas iniciativas para terminar com produtos o uso único, mas até lá muito há para fazer: mudança de hábitos e muito lixo para apanhar", deixa o aviso em jeito de alerta a todos.

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