"Nos primeiros segundos estava calmo, mas depois parecia que não parava"
Dois portugueses que estavam em Bali no momento do sismo que abalou a Indonésia e que causou, pelo menos, 98 mortos recordam ao Notícias ao Minuto os momentos de pânico e apreensão que se seguiram ao intenso terramoto. Cerca de 20 portugueses estão a ser retirados das ilhas Gili e terão apoio da Embaixada Portuguesa em Jacarta.
© Reuters
País Indonésia
O último balanço dá conta de 98 mortos e cerca de 270 feridos na sequência do sismo de magnitude 7 na ilha de Lombok, na Indonésia, mas as autoridades admitem que o número posso vir a subir nas próximas horas.
Em certas localidades, mais de metade das casas ficaram destruídas ou estão seriamente danificadas pelo sismo de domingo. As autoridades falam em “danos massivos”.
O grave sismo do último domingo não vitimou turistas portugueses, como confirmou o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, mas muitos cidadãos nacionais sentiram o susto que o terramoto de magnitude 7 na escala de richter causou.
É o caso de David Alves, que se preparava para abandonar Bali no momento em que a terra tremeu com grande intensidade. “Houve um pequeno abalo inicialmente, mas depois senti o chão a tremer com muita força”, recorda ao Notícias ao Minuto o funcionário de recursos humanos da Shell, de 28 anos, atualmente a trabalhar em Manila, nas Filipinas.
David Alves esteve alguns dias de férias na Indonésia e, já no aeroporto, quando se preparava para regressar a Manila, relembra os primeiros momentos de relativa calma que rapidamente passaram a pânico e apreensão.
“[O sismo] durou uns 15 segundos. Nos primeiros cinco, até estava calmo, mas depois parecia que não parava. Comecei a ficar assustado”, descreve. Durante esse tempo, viu os momentos de pânico no aeroporto de Bali, com “crianças a gritar” e “pessoas a chorar”, apesar de o sismo não ter causado danos no local.
Realçando o facto de o aeroporto “estar bem preparado” para este tipo de situação, David não deixa de notar a falta de comunicação que sentiu perante um sismo daquela magnitude.
“Tudo o que precisava de saber, soube porque pesquisei na internet. Houve um aviso de risco de tsunami e no aeroporto ninguém disse nada”, lamenta. “Fiquei um pouco assustado quando vi o alerta de risco de tsunami, porque o aeroporto está junto ao mar e numa zona baixa”, recorda.
O alerta de tsunami foi emitido pelo governo da Indonésia, mas o pior cenário acabou por não acontecer. Momentos após o sismo, o avião que levaria David de volta para Manila partiu, como estava previsto.
“Assim que o sismo parou, as coisas continuaram normalmente. Continuaram a fazer os check-in, os restaurantes continuaram a servir. Nada mudou”, conta.
Portugueses estão a ser retirados
Durante o sismo de domingo, estavam cerca de 20 cidadãos portugueses na Indonésia. A secretaria de Estado das Comunidades Portugueses revelou esta segunda-feira que os turistas estão a ser retirados das ilhas Gili em embarcações do governo indonésio.
Num documento citado pela agência Lusa, o gabinete governamental refere que “chegados a Bali, os portugueses terão o apoio do encarregado da secção consular da Embaixada de Portugal em Jacarta”, sendo que “cerca de duas dezenas de cidadãos portugueses” estão “a caminho de Lombok e Bali”.
Em declarações ao Notícias ao Minuto, um dos portugueses que estava a passar férias na Indonésia, refere que o seu plano inicial era ir para Gili, mas a viagem acabou por ser cancelada devido ao sismo.
Apesar de notar que, ao que tudo indica, a ilha está acessível, seja por barco ou avião, este funcionário público, de 42 anos, admite que não pretende correr o risco, até porque uma viagem num barco de maior porte poderá levar"cerca de 10 horas", isto é, 20h no total, para ir e vir. "Entendemos que não se justificava ir na embarcação maior porque a viagem de ida e volta duraria quase um dia e de avião, devido à passagem em Lombok seria muito arriscado".
Para além disso, sublinha, soube que vários turistas na ilha de Gili estavam a ser retirados do local, “o que indica perigo”. Por isso, até ter garantias de segurança, vai ficar por Bali. “Não vamos arriscar”, assegura.
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