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Governo deixa conselhos a portugueses que estão ou vão para a Grécia

Há cerca de mil cidadãos em território grego, avançou o secretário de Estado das Comunidades, reiterando ao início da tarde desta terça-feira que até ao momento não tem qualquer informação de portugueses entre as vítimas.

Governo deixa conselhos a portugueses que estão ou vão para a Grécia
Notícias ao Minuto

14:54 - 24/07/18 por Beatriz Vasconcelos com Lusa

País Secretário de Estado

"Até ao momento, não temos informação de portugueses entre as vítimas”, garantiu o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, em declarações a RTP3, reforçando o que disse ao início da manhã de hoje - quando chegavam da Grécia as trágicas notícias de vários mortos devido aos incêndios florestais -, bem como o que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, adiantou à agência Lusa.

Ainda assim, e com o número de vítimas ainda provisório mas já acima dos 70 mortos e dos 180 feridos (entre os quais crianças), o governante alertou que "estão cerca de mil portugueses em território grego", entre os quais residentes e turistas.

“De acordo com informação que nos foi prestada por volta das 14h00 [desta terça-feira], pelas agências de viagens, haverá entre 100 a 200 pessoas em fluxo de viagem por razões turísticas”, referiu José Luis Carneiro nestas declarações à RTP3.

Mais, acrescentou. Há cerca de 700 portugueses com residência "nas imediações de Atenas ou em território grego". No entanto, vincou, estes números carecem ainda de validação oficial. Por isso, José Luís Carneiro deixou "duas recomendações" aos cidadãos nacionais que estão em território grego ou para os que vão viajar para Atenas nos próximos dias.

A primeira é que consultem a “informação atualizada que está no portal das comunidades portuguesas com contactos disponíveis” e que podem ajudar. A segunda é que “contactem as agências de viagem responsáveis pela marcação para averiguar a segurança das regiões” de destino.

O Presidente da República e o primeiro-ministro português já enviaram mensagens solidárias para a Grécia. Marcelo lembrou Pedrógão, ao passo que Costa destacou o apoio que Portugal também está a dar à Suécia.

Portuguesa em Atenas dá esperança. "Incêndios estão controlados"

Por telefone, em declarações à agência Lusa, Maria da Piedade Maniatoglou, 61 anos, que se fixou há mais de quatro décadas na capital grega, contou que "na zona de Atenas os incêndios estão debelados, controlados. Os bombeiros estão a controlar toda a região para apagar os pequenos focos que ainda existam. Tenho estado a ouvir as notícias e os incêndios nesta região estão apagados e as imagens na televisão são de zonas queimadas, mas não de zonas em chamas".

Também Maria diz não ter registo de vítimas entre a comunidade portuguesa, uma confirmação que obteve após um contacto com o representante diplomático português. "Falei com o senhor embaixador (...) puseram-se em movimento para o que fosse necessário, pediu-me que, se soubesse de alguém, os reencaminhasse para a embaixada para o que fosse necessário", disse.

A portuguesa, dirigente da Associação cultural para os portugueses na Grécia, contou que os portugueses com quem conseguiu contactar, e que sabia que estavam nas zonas do fogo, "estão todos bem". "Há apenas uma senhora que não consegui contactar, terá de ser através de outra senhora, não tenho o seu telefone de casa e o telemóvel não está a funcionar", afirmou.

Na tarde e noite de segunda-feira, lembrou esta cidadã portuguesa, a região de Atenas estava "carregada de cheiro a queimado e partículas em suspensão" e com um céu enegrecido e alaranjado. "O cheiro a queimado era intenso e houve alturas em que chegou a ser intenso. Mas relativamente à cidade de Atenas, pelo menos na minha zona, foi a única consequência sensível", assinalou.

A rapidez com que o fogo alastrou foi um dos fatores que terá motivado um número de elevado de vítimas, indicou. "Num dos sítios onde há vítimas mortais, estavam a referir que praticamente tudo aconteceu em uma hora ou pouco mais, nos locais onde há casas ardidas. Foi imensamente rápido e em grande parte penso que causado pelos ventos muito fortes... Foi mais ou menos como no ano passado em Portugal", disse Maria da Piedade.

Um dos dois fatores que terá sido decisivo para a tragédia, disse, foi que "nessa zona onde há infelizmente muitas vítimas existe uma grande concentração de habitações, sejam de veraneio ou residências fixas". A zona está situada numa zona de mata, "as casas estão construídas no meio dos pinheiros e isso ajuda a que tudo arda de uma vez, o fogo propaga-se muito rapidamente", revelou ainda.

Mati, a aldeia que o fogo 'levou'

A aldeia costeira de Mati, a este de Atenas, ficou reduzida a cinzas durante a noite de hoje, destruída pelos incêndios que atingem a Grécia. "Mati já não existe", afirmou Evangelos Bournous, presidente da Câmara de Rafina, cidade portuária para onde os sobreviventes foram transportados.

Um porta-voz da Cruz Vermelha disse à rede de televisão pública ERT que, depois de terem sido encontrados 24 corpos, os bombeiros descobriram hoje um outro grupo de 26 pessoas, já sem vida, num campo localizado em Mati.

Notícias ao MinutoSó na aldeia de Mati foram encontrados 26 corpos© Reuters

Segundo Vassilis Andriopoulos, socorrista da Cruz Vermelha que descobriu as últimas vítimas do incêndio, os corpos encontravam-se "em grupos de quatro ou cinco pessoas, (...) que numa última tentativa de se proteger, procuraram alcançar o mar, a 30 ou 40 metros de distância".

Em fuga das chamas, alguns dos grupos, entre eles "pequenas crianças", ficaram encurralados entre o incêndio e uma falésia que a 30 metros os separava do mar. Stella Petridi, uma sobrevivente de 65 anos, relata que, ao se aperceber da proximidade do fogo, correu para casa para tentar libertar os seus seis cães, vendo-se obrigada a desistir quando não conseguiu abrir a porta da residência já em chamas.

Petridi e outros residentes foram resgatados na praia da aldeia por um barco de patrulha, por volta das quatro da manhã, que os transportou para um refúgio em Rafina. "Eu vi o fogo descer pela colina por volta das seis da tarde, cinco ou dez minutos depois estava no meu jardim", assegurou Athanasia Oktapodi, outra sobrevivente resgatada.

Como muitas das residências em Mati, a casa de Oktapodi também estava rodeada de grandes árvores, altamente inflamáveis. Vários locais afirmam também ter ouvido o som de explosões das botijas de gás, presentes em muitas das casas de férias.

As operações de combate aos incêndios prosseguiram durante a noite, mas foram prejudicadas por fortes ventos.

Depois de as autoridades terem declarado o estado de emergência e solicitado ajuda internacional, o porta-voz do Governo, Dimitris Tzanakopoulos, anunciou que os aviões de combate aos incêndios chegarão hoje de Espanha, bem como voluntários do Chipre.

Segundo Evangelos Bournous, pelo menos 500 casas e 200 veículos foram danificados em maior ou menor grau pelas chamas.

Saliente-se que, os fogos que lavram na Grécia - uma tragédia já na história como das mais mortíferas do século - causaram pelo menos 74 mortos e mais de 180 feridos, alguns menores e em estado crítico, de acordo com os últimos dados da Proteção Civil grega.

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