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Portugueses "continuam a não ter noção exata do que é uma biblioteca"

A maioria dos portugueses "continua a não ter uma noção exata do que é uma biblioteca" e isso representa um desafio para estes equipamentos, afirmou à Lusa Bruno Eiras, da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB).

Portugueses "continuam a não ter noção exata do que é uma biblioteca"
Notícias ao Minuto

10:15 - 21/07/18 por Lusa

País DGLAB

"Há uma grande carência de informação e divulgação do que é uma biblioteca municipal, uma biblioteca pública, dos seus serviços e da gratuitidade. (...) É a mais valia que temos de explorar: A biblioteca municipal como o único serviço público gratuito com a capacidade de mediação", afirmou o diretor de serviços de bibliotecas da DGLAB em entrevista à agência Lusa.

O relatório mais recente sobre bibliotecas públicas portuguesas, de 2016, mostra uma realidade assimétrica, um país a várias velocidades e isso reflete-se também no tipo de serviço que é disponibilizado aos leitores e utilizadores.

Segundo o documento, a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas tinha naquele ano 1,4 milhões de utilizadores inscritos e registou 6,2 milhões de visitas.

"Se pensarmos que nós somos dez milhões, é pouco. Tem a ver com as características da nossa sociedade. A Rede Nacional de Bibliotecas Públicas tem 32 anos, é um fenómeno relativamente recente no pós-25 de Abril [de 1974]. Tem a ver com os nossos hábitos culturais, com a forma como nos relacionamos com os serviços públicos. É pouco", disse o responsável.

Para se perceber quem utiliza as bibliotecas portuguesas, o relatório da DGLAB revela que em 2016 havia 808.097 utilizadores adultos (com mais de 14 anos) e 212.312 crianças ou adolescentes (até aos 14 anos).

Dos 1,4 milhões de leitores e utilizadores inscritos na rede, apenas 257.895 recorreram aos serviços de empréstimos de um livro, um CD, um DVD.

Tendo as bibliotecas pontos de acesso gratuito à Internet, em 2016 estes equipamentos registaram 1,2 milhões de sessões de acesso a 'sites'.

Nesse ano, as bibliotecas públicas fizeram ainda mais de 18 mil horas do conto (sessões de leitura), 2.338 encontros com escritores e lançamentos de livros e 1 386 sessões de clubes de leitura e encontros de comunidades de leitores.

No entender de Bruno Eiras, "é difícil ter-se um perfil que seja efetivamente realista e ao mesmo tempo nacional, porque o tipo de utilizador das bibliotecas públicas em Portugal está associado à tipologia de biblioteca".

"Temos um Portugal a quatro velocidades", com discrepâncias entre norte e sul, entre litoral e interior.

Para atenuar essas assimetrias, a DGLAB tem estado há cerca de um ano a incentivar as autarquias - porque a gestão das bibliotecas depende do poder local - a criarem redes intermunicipais entre bibliotecas, por regiões ou distritos. Atualmente, existem sete redes.

"Agora, através da criação das redes regionais estamos a tentar incentivar novamente essas práticas [de proximidade com os utilizadores], mas ganhamos escalas. Em vez de trabalhar de Lisboa para os outros municípios, trabalhamos em rede para captar mais público", explicou Bruno Eiras.

Nesse caminho, de valorização das bibliotecas, em 2014 a DGLAB criou um prémio de boas práticas para os equipamentos culturais que melhor dinamizem os seus espaços, cativem mais leitores e promovam a leitura.

"Em 32 anos, a conquista foi do ponto de vista de investimento em infraestruturas que cobrem todo o território. É preciso rentabilizar esse investimento. Há espaços, há equipamentos e é preciso trabalhar na fase dos serviços. É o fator de atração de público", defendeu Bruno Eiras.

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