Universidade de Coimbra disponível para gerir iParque
A Universidade de Coimbra (UC) está disponível para gerir o iParque - parque de ciência e tecnologia --, caso este seja incorporado na autarquia local, disse à agência Lusa Amílcar Falcão, vice-reitor da instituição.
© Lusa
País Ciência
Segundo o vice-reitor, a UC e o Instituto Pedro Nunes (IPN) estão a preparar "uma intervenção mais robusta" no iParque, "em conjugação com a autarquia", acionista maioritária (com cerca de 90% do capital) da sociedade anónima Coimbra Inovação Parque, cuja composição inclui também a Universidade de Coimbra, a Associação Comercial e Industrial da cidade e diversas empresas.
Em setembro de 2017, durante a campanha autárquica, o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, que se recandidatava ao cargo e viria a vencer as eleições, defendeu a incorporação na autarquia do parque de ciência e tecnologia, com um novo modelo de gestão e uma nova administração, através da criação de "uma entidade, com estatuto próprio".
Na altura, o autarca explicou ainda que a internalização do iParque na Câmara visa resolver "a questão do buraco financeiro", responsabilizando-se o município pelos "compromissos que parque tecnológico assumiu com terceiros, incluindo bancos".
Questionado pela Lusa, Amílcar Falcão esclareceu que a intervenção da UC no iParque não passa por uma maior participação no capital da futura entidade que irá gerir o equipamento após este ser eventualmente internalizado na autarquia, mas sim "arranjar uma forma de ajudar" a desenvolver o parque de ciência e tecnologia.
"Eles [a autarquia] vão ter de internalizar o iParque por causa da lei 50 [que estipula o regime jurídico das participações locais em empresas municipais] e depois nós podemos, juntamente com a Câmara, arranjar uma solução de gestão para aquilo", frisou Amílcar Falcão.
O vice-reitor para as áreas da investigação, inovação e fundos estruturais adiantou que "ainda não se conseguiu arranjar um modelo de governação suficientemente proativo no sentido de conseguir dinamizar mais o iParque".
"Tem vivido mais afogado em problemas jurídicos, de governo, de obras e menos focado naquilo que é a sua missão", alegou, reafirmando a disponibilidade da UC em colaborar na gestão.
Amílcar Falcão notou ainda que o parque de ciência e tecnologia "talvez tenha nascido com mais ambição do que aquela que era possível quando nasceu" em 2004 e que a dimensão "é um problema".
"A prova disso é que se está a pensar fazer uma reprogramação do iParque no sentido de diminuir o tamanho dos lotes, para facilitar a construção, porque os lotes são muito grandes", explicou Amílcar Falcão.
"Se o investimento para comprar um lote e construir já é um investimento muito grande, teria sido preferível fazê-lo mais contido e fazer depois outras fases de crescimento", continuou o vice-reitor da UC.
Exemplificou com outras infraestruturas de menor dimensão existentes no distrito de Coimbra, como o IteCons (Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade), que nasceu com um edifício "fez dois e vai fazer o terceiro" ou o parque de biotecnologia (Biocant) de Cantanhede, "que nasceu com um, fez dois e três e agora tem quatro" edifícios, embora notando que o iParque não se destina a 'spin-offs' (que podem ocupar só uma sala, como no Biocant), mas sim a empresas já estabelecidas.
Amílcar Falcão disse ainda que entidades como o IteCons, Biocant ou IPN, entre outros, possuem taxas de ocupação das infraestruturas de 80% a 95%, enquanto a do iParque é "muito baixa", situando-a em cerca de 30%.
"O problema é este, o iParque é demasiado grande para a capacidade das empresas lá se instalarem e para a capacidade de Coimbra captar e reter empresas de grande dimensão", argumentou Amílcar Falcão.
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