Óbito de Laura Soveral "é uma vida de interpretação que nos deixa"
O presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso, lamentou hoje a morte da atriz Laura Soveral, sublinhando que a artista dedicou toda a vida à interpretação", no cinema e no teatro.
© Youtube/Nunes Forte
País Óbito
Contactado pela agência Lusa, o produtor comentou que a notícia deixou "muito triste" a Academia Portuguesa de Cinema, já que Laura Soveral era um membro honorário "muito especial".
A atriz Laura Soveral morreu hoje, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, vítima de Esclerose Lateral Amiotrófica, disse à Lusa a filha da atriz, Paula Soveral.
Paulo Trancoso recordou que a Academia tinha galardoado a atriz, em 2013, com o Prémio Carreira, e, há dois anos, o Prémio Bárbara Virgínia, que distingue uma mulher do cinema português.
"Era um membro muito especial da Academia, e, portanto, sentimos muito o seu falecimento. Trabalhou com muitos realizadores de cinema, tanto jovens como mais antigos", desde António-Pedro Vasconcelos, a Manoel de Oliveira e João Botelho.
Lembrou ainda que foi das primeiras atrizes a trabalhar numa novela brasileira, na Globo, em 'O Casarão', em 1976.
Conheceu-a pessoalmente na série que produziu, intitulada 'A Viúva do Enforcado': "Logo aí percebi a atriz excecional que era, com uma calma muito especial, com uma grande tranquilidade nas suas interpretações".
"Tanto no cinema como na televisão, ela foi uma atriz de destaque", salientou o produtor, finalizando: "É uma vida de interpretação que nos deixa".
Nascida em Benguela, Angola, em 23 de março de 1933, Laura Soveral fixou-se em Lisboa, nos anos de 1960. Estreou-se em 1964, no Grupo Fernando Pessoa, dirigido por João d'Ávila.
Nos palcos, trabalhou com companhias como Teatro da Cornucópia, Teatro Experimental de Cascais, Novo Grupo/Teatro Aberto e A Barraca, tendo participado em encenações como 'O avarento', 'A Casa de Bernarda Alba', 'O processo de Kafka', 'D. Quixote' e 'Primavera Negra'.
Em 2013, fez a derradeira atuação em teatro, com 'O Público', sobre textos de Federico García Lorca, com encenação de António Pires, numa produção conjunta do Teatro do Bairro, com o Teatro São Luiz, em Lisboa.
A telenovela 'Belmonte', emitida pela TVI em 2014, foi a última em que participou.
No cinema, as últimas atuações de Laura Soveral, depois de 'Tabu', passaram por 'Cadências Obstinadas', de Fanny Ardant, e 'Os Maias - Cenas da Vida Romântica', de João Botelho.
A Academia Portuguesa de Cinema distinguiu-a com o prémio de carreira, em 2013, e com o Prémio Bárbara Virgínia, de homenagem a mulheres do cinema português, em 2017.
Na altura, a academia disse que Laura Soveral representa "um extraordinário exemplo de determinação e profissionalismo para gerações futuras".
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