Morreu a atriz Laura Soveral. Sofria de ELA e corpo será doado à ciência
A atriz Laura Soveral morreu hoje, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, vítima de Esclerose Lateral Amiotrófica, doou o seu corpo à ciência, pelo que não haverá cerimónias fúnebres, disse à Lusa a filha da atriz, Paula Soveral.
© José Pinto Ribeiro
País Óbito
Morreu Maria Laura do Soveral Rodrigues, reconhecida pela sua vasta atividade cinematográfica. A informação é confirmada pela Academia Portuguesa de Cinema, que, na sua página oficial de Facebook, recorda a extensa lista de filmes a que a atriz deu rosto.
Laura Soveral "fez hoje, às 00h15, a sua passagem", vítima de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). "Num ato de humildade e generosidade, próprio de uma mulher 'muito à frente do seu tempo', doou o corpo à ciência pelo que não haverá cerimónias fúnebres", acrescentou a filha da atriz num comunicado enviado à agência Lusa.
Nasceu em Benguela, Angola, a 23 de março de 1933, onde, anos mais tarde, trabalhou num jardim de infância. Mas a certa altura optou por vir para Lisboa e dar os primeiros passos na representação.
Fixou-se em Lisboa, onde frequentou Filologia Germânica, na Faculdade de Letras, e a Escola de Teatro do Conservatório Nacional, tendo enveredado pela representação, no início dos anos de 1960.
Estreou-se na representação, em 1964, no Grupo Fernando Pessoa, dirigido por João d'Ávila.
'Estrada da Vida', file de Henrique Campos, valeu a Laura Soveral o Prémio de Melhor Atriz de Cinema, do então Secretariado Nacional de Informação (SNI), e o Prémio Bordalo, da Casa da Imprensa.
Colaborou na televisão, em Portugal e no Brasil. Em Portugal, nos anos de 1960 e 1970, foi sendo chamada para fazer teatro ou para declamar poesia, no programa Hospital das Letras de David Mourão-Ferreira.
No Brasil, onde se fixou na década de 1970, destaca-se em particular a participação em 'O Casarão' e "Duas Vidas", da TV Globo.
Nos palcos, trabalhou com companhias como o Teatro da Cornucópia, o Teatro Experimental de Cascais, o Novo Grupo/Teatro Aberto e A Barraca, e participou em encenações como 'O avarento', 'A Casa de Bernarda Alba', 'O processo de Kafka', 'D. Quixote' e 'Primavera Negra'.
No cinema, destacam-se as interpretações em 'Uma abelha na chuva', de Fernando Lopes, a par de 'A divina comédia', 'Francisca' e 'Vale Abraão', todos de Manoel de Oliveira, 'Tráfico', de João Botelho, e 'Quaresma', de José Álvaro Morais.
Mais recentemente, Laura Soveral entrou em 'Tabu', filme de Miguel Gomes, 'O Cônsul de Bordéus', de Francisco Manso e João Corrêa, 'Cadências Obstinadas', de Fanny Ardant, 'Os Maia', de João Botelho.
A Academia Portuguesa de Cinema distinguiu-a em 2013, com o prémio de carreira e, em 2017, com o Prémio Bárbara Virgínia, de homenagem a mulheres do cinema português.
Na altura, a academia disse que Laura Soveral representa "um extraordinário exemplo de determinação e profissionalismo para gerações futuras".
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