Meteorologia

  • 28 MARçO 2024
Tempo
15º
MIN 11º MÁX 18º

Trabalhadores da Carnes Nobre desolados com salário "sempre igual"

Trabalhadores da Carnes Nobre, em Rio Maior, concluíram hoje uma semana de protesto, com concentrações diárias em frente da empresa, para tentar levar o Grupo Campo Frio a rever salários, carreiras e condições de trabalho.

Trabalhadores da Carnes Nobre desolados com salário "sempre igual"
Notícias ao Minuto

20:05 - 25/05/18 por Lusa

País Protestos

Um grupo, sobretudo de mulheres, que manteve a vigília até às 18:00 de hoje, mostrou à Lusa os recibos de salários que, asseguraram, apenas acompanham os aumentos que vão sendo feitos ao salário mínimo nacional e que, seja qual for a função que desempenhem, é sempre o mesmo.

"Salsicheira" é a classificação profissional exibida nos recibos, mas, garantiram, não fazem salsichas e o salário é igual tanto no caso da trabalhadora que disse à Lusa estar há sete anos na empresa, como da que ali trabalha há 31 anos, como de alguém que entre agora, apenas com a diferença de algumas dezenas de euros de diuturnidades.

As queixas incluem a falta de formação para funções que vão "aprendendo umas com as outras", como "estar nas máquinas ou à frente das linhas", à obrigação de ficarem a fazer o trabalho da colega quando esta precisa ir à casa de banho, ou a convicção de que os colegas homens ganham mais pelas mesmas funções, o que não conseguem comprovar porque não há divulgação dos salários.

"É escravatura", desabafaram, no culminar de uma concentração que contou hoje com a presença do secretário-geral da CGTP-In, Arménio Carlos, e do dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB).

Dionísio Estêvão disse à Lusa que a administração da empresa, com a qual está marcada reunião para 13 de junho, tem mostrado "má vontade", não havendo qualquer evolução nas negociações desde o primeiro protesto realizado no passado dia 08 de março.

Arménio Carlos disse à Lusa que a "grande indignação" destas trabalhadoras acontece "num quadro em que a empresa continua a ter bons resultados económicos e se recusa a aumentar os salários há vários anos".

O dirigente da CGTP afirmou que os trabalhadores da Carnes Nobre sofrem "uma tripla penalização", ou seja, negação do direito à contratação coletiva, ausência de valorização salarial num quadro em que a empresa tem condições para o fazer e não reconhecimento do seu papel enquanto profissionais ao não progredirem nas carreiras.

"É altura de a Carnes Nobres, que deveria ter responsabilidades ao nível social, de encontrar outro rumo e outra forma de estar, de ouvir os sindicatos e os trabalhadores e encontrar soluções para este problema", declarou.

Arménio Carlos afirmou que a atuação da empresa surge num momento em que existe "mais uma ofensiva quer do Governo quer do patronato contra a legislação do trabalho, particularmente no que respeita à contratação coletiva".

Para o dirigente da CGTP-In, o "braço dado entre o Governo e o patronato", patente na concertação social, procura "manter aquilo que de pior a política de direita" deixou ao país em termos laborais, ou seja, a "destruição da contratação coletiva", o "questionamento do princípio do tratamento mais favorável" e propostas em relação à precariedade para "minimizarem os efeitos mas não as causas".

"Se o Governo continuar a manter esta posição, não só contraria as suas promessas de romper com a política do Governo anterior, como dá força e estimula estas empresas e associações patronais a terem estes comportamentos no plano da negociação, que são inadmissíveis", afirmou.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório