'APENAS' UM GATO! A incrível história do Oásis
'Apenas' um gato, 'apenas' mais um animal sem dono! 'Apenas' uma vida que calhou nascer sem proteção! Mas será que uma vida pode ter dono?
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País SP-Animais
"Será que uma vida pode ter dono? Há mais de um século, achava-se que sim, mas hoje será que podemos continuar a pensar o mesmo? Não, porque todos somos demasiado imperfeitos para tal, por isso, em vez de nos acharmos donos deveríamos portar-nos apenas como família.
E se essa vida for diferente das outras da sua espécie, ou melhor, se for portadora de deficiência? Bem, aí fazem-se escolhas e tomam-se opções.
E se for 'apenas' um gato que nasceu diferente dos outros da sua espécie? Para muitos, a opção tomada não causa problemas de consciência, mas, para outros, não existem escolhas a fazer e a opção é clara, porque sabem que apenas são donos dos seus sentimentos e por isso os respeitam.
O Oásis era 'apenas' um gato que nascera há uns meses, com a coluna vertebral deformada e sem conseguir andar, num hotel de Cabo Verde. Que incómodo vê-lo arrastar-se com as feridas cheias de moscas, pingando urina no empedrado junto à piscina e vasculhando comida nos caixotes do lixo! Já o tinham condenado à morte, mas os jardineiros demoraram, porque tinham demasiados afazeres, e ele lá foi lutando para sobreviver, arriscando dia após dia, talvez porque ouviu algures a palavra esperança e acreditou nela...
Diz-se que os gatos pressentem as coisas e que a sua energia é especial e acredito que sim, porque nos conhecemos logo na manhã do meu primeiro dia de férias, à porta do meu quarto, e os seus enormes olhos verdes devem ter reconhecido os meus, da mesma cor, achando-os talvez familiares.
E foi aí que aprendi que as diferenças não existem, mesmo quando se trata 'apenas' de um gato! Durante a minha semana de férias, conheci amigos parecidos comigo, colocámos-lhe o nome - Oásis - e percebemos que não era possível metê-lo num saco e entrar com ele no avião de regresso e menos ainda tratar da difícil documentação de embarque.
Mas como ficariam as nossas consciências, depois de falhar uma promessa? Como seria ter negado o direito à vida a um ser com tão parcos recursos? Conseguiríamos dormir em paz todas as noites, sem os pesadelos do seu sofrimento? Eu não, porque esse gato deu-me uma lição de vida e não se podem esquecer jamais os nossos maiores mestres! Jamais se pode desistir. E esses desconhecidos que 'apenas' um gato conseguiu transformar em meus amigos, ficaram mais alguns dias por lá e conseguiram alguém para dele cuidar.
Voltei de férias com a firme decisão de voltar a Cabo Verde por ele. Pesquisei, fiz contactos e, da forma menos ortodoxa possível, tratei da documentação para a sua viagem. Pouco mais de um mês depois, comprei a minha passagem de volta, mas recebi notícias alarmantes dois dias antes da minha chegada. O Oásis tinha sido abandonado no pátio sujo da sua cuidadora e estava mal, mas a veterinária local que nos apoiara conseguiu que sobrevivesse e que ele voltasse ao hotel na noite em que cheguei, para me esperar.
Reconheceu-me quando o chamei, endireitou-se e miou baixinho. Não nos largámos mais! Estava demasiado fraco, com feridas profundas por se arrastar no chão sujo onde estivera. Tinha peles podres penduradas e de onde tinham saído as larvas que o tinham deixado febril. Moribundo. Chorei muito nessa noite, mas ele estava feliz por me ver e deu-me forças para o tratar, alimentar e descansar em paz até ao dia de o trazer comigo.
Passaram vários anos, desde 2009 até hoje, e continuamos juntos! Aprendi a viver com a sua deficiência, porque após todos os esforços e tratamentos, ele nunca recuperou o andar, mas ensinou-me como dele cuidar, pressionando-lhe a bexiga para a urina não pingar nem provocar infeções, e cuidando-me ele a mim nos dias mais tristes com o seu infindável carinho, mostrando-me que 'apenas' um gato pode fazer milagres e tornar a vida mais bela.
OBRIGADA, OÁSIS!"
Teresa Botelho
Sociedade Protectora dos Animais
Oásis© Sociedade Protectora dos Animais
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