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Pedrógão: Comissão critica "muito amadorismo" na recolha de informação

A comissão técnica independente de análise aos incêndios considerou hoje que as conclusões da auditoria interna da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) ao fogo de Pedrógão Grande revelam "um procedimento de muito amadorismo" na recolha de informação.

Pedrógão: Comissão critica "muito amadorismo" na recolha de informação
Notícias ao Minuto

18:55 - 02/05/18 por Lusa

País Incêndios

"Tudo isto nos surpreende, porque traduz um procedimento de muito amadorismo nestas questões que têm a ver com a fixação de informação, com a recolha de informação, o que não pode acontecer", afirmou o presidente da comissão técnica independente, João Guerreiro, em declarações aos jornalistas à entrada de uma audição parlamentar.

Questionado sobre a existência de uma auditoria interna da ANPC aos trabalhos do combate ao fogo de Pedrógão Grande, João Guerreiro disse ter "conhecimento que, na altura, a ministra da Administração Interna tinha pedido para ser realizado este apuramento de responsabilidades".

"Mas não conhecíamos o conteúdo do relatório", avançou o representante da comissão técnica independente.

Em relação à informação de que foram "apagados" ou "destruídos" documentos sobre incêndio de Pedrógão Grande, João Guerreiro lembrou que o relatório da comissão técnica independente a este fogo também evocou "alguns procedimentos que eram utilizados e que deviam ser corrigidos, designadamente o facto em concreto da fita do tempo ter sido suspensa".

"A informação que a fita do tempo colhe ter sido suspensa em determinados momentos nos incêndios de Pedrógão e ter sido retomada umas horas depois, porque a fita do tempo reflete exatamente aquilo que se passa, portanto não é possível suspendê-la e depois voltar a retomá-la daí a umas horas sem se perceber o que é que aconteceu durante aquele período de tempo em que não foi carregada", declarou o responsável.

Sobre o desaparecimento de documentos, João Guerreiro disse não ter conhecimento de tais factos.

"Temos que ter modalidades de registo de informação e de acesso à informação que sejam fidedignos", defendeu o representante da comissão técnica independente, lembrando que os relatórios produzidos sobre os incêndios de junho e de outubro de 2017 sublinharam a "ausência de profissionalismo em muitos dos procedimentos que são seguidos hoje em dia" no âmbito dos fogos florestais, sobretudo por parte dos bombeiros e da ANPC.

Neste sentido, João Guerreiro reforçou que a solução para este tipo de ação é a "incorporação de mecanismos profissionais".

O relatório de uma auditoria interna da ANPC aos trabalhos do combate ao fogo de Pedrógão Grande, em 2017, indica que houve documentos apagados ou destruídos, noticiou hoje o jornal Público.

De acordo com o Público, que teve acesso ao relatório da auditoria feita pela Direção Nacional de Auditoria e Fiscalização da ANPC, a organização inicial do combate ao incêndio teve falhas graves, sendo que os auditores se depararam com a inexistência de provas documentais sobre o trabalho de combate ao fogo.

Segundo os auditores que fizeram o relatório sobre o desempenho dos seus agentes no combate ao fogo de junho de 2017, toda a investigação se deparou com "limitações na obtenção de elementos de prova", informação que "pode tornar-se vital" para a avaliação posterior, nomeadamente ao nível da responsabilidade disciplinar e criminal.

Em causa, refere o Público, estão todos os documentos que são produzidos no posto de comando de um incêndio, desde os planos de situação aos planos estratégicos de ataque, e todas as informações das três células de qualquer posto de comando (logística, planeamento e operações).

O Governo fez, entretanto, saber que o relatório da auditoria interna da Proteção Civil sobre o fogo de Pedrógão Grande foi enviado em novembro para o Ministério Público e que não escondeu o documento.

Em junho de 2017, os incêndios que deflagraram na zona de Pedrógão Grande provocaram 66 mortos: a contabilização oficial assinalou 64 vítimas mortais, mas houve ainda registo de uma mulher que morreu atropelada ao fugir das chamas e uma outra que estava internada desde então, em Coimbra, e que acabou também por morrer. Houve ainda mais de 250 feridos.

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