Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
16º
MIN 13º MÁX 19º

Vinte anos de crónicas 'O Homem do Leme' reunidos em livro

Vinte anos das crónicas 'O Homem do Leme', do Jornal de Letras, passam agora a livro, que reúne alguns dos textos do jornalista Manuel Halpern, o homem que tem estado ao leme desta coluna quinzenal, desde que a criou.

Vinte anos de crónicas 'O Homem do Leme' reunidos em livro
Notícias ao Minuto

22:30 - 16/04/18 por Lusa

Cultura Jornais

O título da rubrica - assim designada, porque nem sempre foi crónica - foi inspirado no marinheiro que responde ao Mostrengo, no poema de Fernando Pessoa, e não na música dos Xutos & Pontapés, ao contrário do que se possa pensar e apesar de ter nascido como uma coluna sobre música.

Nem sempre foram crónicas e, feitas as contas, foram escritas mais de 500, mas nem todas foram resgatadas para o livro, até porque "muitas delas pertencem apenas àquela edição de jornal em que foram publicadas, e dali -- daquele tempo e daquele contexto -- não devem sair".

Quem o explica é o próprio Manuel Halpern, autor e criador da coluna "O Homem do Leme", no prefácio ou, melhor dizendo, no "aviso à navegação", no início do livro, com o mesmo título, que é editado pela Rosa de Porcelana e lançado na terça-feira, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, com apresentação do escritor José Luís Peixoto.

Para o livro, foi feita uma seleção de centena e meia de crónicas, que aparecem sempre com a indicação da data e da edição do jornal, porque "nunca é indiferente o tempo em que os textos são escritos", explica o autor, adiantando que nessa organização que fez, deu o seu melhor para "desorganizar as páginas de forma lógica".

Além de ter criado, assim, as condições para uma "leitura aleatória, saltitada, intermitente", o jornalista fez uma seleção de crónicas, baseada em critérios -- "discutíveis", admite -- de qualidade e diversidade, temática e temporal.

As crónicas aparecem desdobradas em "Ficções", "Fricções", "Referências" e "Minudencias", uma catalogação feita apenas para o livro, já que, quando foram escritas, foram pensadas apenas para ocupar o espaço no jornal que lhes estava destinado.

A história das crónicas quinzenais do Jornal de Letras (JL) acompanham a história de jornalismo do seu autor, tendo nascido ambos na mesma altura: "O Homem do Leme" e o jornalista, em 1998, quando Manuel Halpern entrou como estagiário na publicação que, na altura, pertencia ao grupo suíço Edipresse, que detinha também a Visão e o 24 Horas.

Naquela altura, pairava sobre a redação "uma nuvem de fumo, vernáculo e poesia". "E eu inspirava aquele ar com urgência e afinco, na esperança de tossir jornalismo e cultura", conta.

Manuel Halpern recorda que "ainda ninguém sabia muito bem para que servia a Internet" e os próprios computadores tinham chegado há pouco tempo aos jornais.

Numa reunião, o diretor do jornal, José Carlos de Vasconcelos, pediu aos estagiários ideias para a estrutura do quinzenário e foi então que Manuel Halpern decidiu arriscar, e propôs-se escrever sobre música pop e criar uma coluna sobre 'sites' culturais na Internet.

Arriscou e ganhou: as duas ideias concretizaram-se, mas em boa parte devido ao "insano apoio" do editor, José Manuel Rodrigues da Silva, reconhece.

"Sobre os discos dizia-me: 'Escreve sobre o que quiseres desde que não me obrigues a ouvir'. E sobre a coluna aconselhou-me: 'Se estiver pronta antes das outras coisas, é mais provável que vá para a frente'", recorda Manuel Halpern.

Inicialmente, a coluna não teve o nome que o jornalista queria, porque tanto o diretor como o editor consideraram que o título deveria conter a palavra Internet.

Assim, surgiu 'Ao Leme da Internet', um roteiro de 'sites' que, com o tempo, se foi transformando e ganhando forma, até se tornar uma crónica propriamente dita, que falava sobre tudo, até sobre Internet e tecnologia.

Vinte anos depois, 'O Homem do Leme' convida os leitores a embarcarem, na sua companhia, nesta nova viagem. Na terça-feira, o barco está de partida.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório