A saída da Argélia para Portugal, as dificuldades da língua portuguesa e o crescimento como jogador. Islam Slimani, que representa, atualmente, o Newcastle - cedido pelo Leicester City -, recordou a sua chegada a Alvalade e a sua evolução, como jogador, em três anos. Ou louros? Vão para os três treinadores com quem trabalhou. Mas Jorge Jesus... "é especial".

Sem qualquer experiência de futebol europeu, Islam Slimani deixou a Argélia, em 2013, num avião com destino a Lisboa. Depois de aterrar, o argelino estava longe de imaginar tudo aquilo que a experiência ao serviço do Sporting lhe iria proporcionar: trabalhar com treinadores como Leonardo Jardim, Marco Silva e Jorge Jesus; conquistar uma Taça de Portugal e uma Supertaça.

No entanto, para 'honrar' o caminho trilhado ao serviço do clube de Alvalade, faltava o objetivo mais desejado: o campeonato nacional. E não esteve longe. Nada longe. Mas os leões acabaram por falhá-lo, ficando em segundo lugar, com menos um ponto do que o Benfica, e Slimani 'abandonou' o Sporting sem esse "gosto especial".

"Não sei como não conseguimos o título de campeões nessa época (2015/16). Tínhamos a melhor equipa de Portugal, fizemos mesmo muitos pontos. Não foi fácil, muito menos para mim, que saí nessa temporada. Ganhei a Taça de Portugal, a Supertaça e depois faltava o título de campeão nacional. Fiquei muito triste por não o conseguir antes de deixar o clube", revelou, em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, aproveitando para contar como foi a vinda da Argélia para Portugal.

"A chegada a Portugal não foi fácil. Como praticamente todas as crianças, eu comecei a jogar muito novo, na rua. Só mais tarde é que fui para um clube, mas não tinha nada a ver com a realidade portuguesa. Quando saí da Argélia, foi muito bom para mim, principalmente porque vim jogar num clube tão grande como o Sporting. Foi mesmo muito bom."

A língua foi a principal dificuldade para o argelino quando chegou a Portugal. Mas rapidamente mostrou capacidade de aprendizagem para minimizar as dificuldades e ‘vingar’ dentro das quatro linhas.

"Eu não falava português, não percebia o que me diziam e não foi fácil também no treino. Mas rapidamente me tentei habituar. Depois, o futebol era muito diferente. O futebol europeu não se pode comparar a nenhum. A velocidade, a exigência, a forma de pensar o jogo… Em Portugal, o futebol é um desporto muito profissional."

Na primeira temporada em Alvalade, sob as ordens de Leonardo Jardim, Slimani marcou dez golos em 30 jogos. Na época seguinte, com Marco Silva, somou 15 tentos em 33 partidas e uma Taça de Portugal. No ano da despedida, passou a estar ao serviço de Jorge Jesus, com quem teve o melhor rendimento, com 31 golos em 46 duelos, conquistando ainda uma Supertaça.

"Foi uma experiência muito boa jogar no Sporting, cresci muito como jogador. Primeiro trabalhei com Jardim, depois com Marco Silva e na última temporada com Jorge Jesus. Correu muito bem com os três. Aprendi com os três. Mas o Jorge Jesus... O Jorge Jesus é um grande treinador", elogiou.

"Foi muito importante para mim trabalhar com ele [Jesus]. Cada treinador tinha uma forma de trabalhar. Jorge Jesus trabalhava muito mais a tática da equipa, para além da técnica. É um estilo de treino muito diferente de tudo aquilo que já tinha visto. Evoluí muito nesse ano", terminou. 

*Leia ainda a primeira parte da entrevista aqui.