Ricardo Andrez satiriza os Millennials com ‘TrustFundKids’
Um axadrezado em fundo bege compõe da cabeça aos pés o primeiro look do desfile de Ricardo Andrez. O modelo Luís Borges dá sinal a um conhecido seu e aponta para o forro do seu casaco Burberry, com o mesmo padrão - Não foi o único a pensar na associação, mas o propósito era mesmo este.
© ModaLisboa
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TrustFundKids é uma coleção que faz referência ao uso ignorante de marcas, comum nos jovens de hoje em dia, que se apropriam das marcas e estilo underground dos anos 80 e 90, sem conhecer a história e significado de cada marca, que passou a ser usada apenas pelo que cada logotipo representa socialmente.
A referência a esses adolescentes de hoje é feita de forma satírica, através da qual Ricardo Andrez vai buscar não só o padrão Burberry como o mais generalizado padrão dot: "acho que é uma colagem óbvia, e creio que para o universo de moda no geral, da marca de Comme des Garçons”.
Também os Nirvana são apontados na coleção agora apresentada para a próxima estação, não fosse este um ícone dos anos 90. "Tiramos o bebé e fizemos a nossa própria colagem com o dólar” refere. A nota surge em cintos finos ou mesmo a padronizar botas e sapatos.
Entre estes padrões, surgem também looks em rosa choque, metalizados e preto, que se propõe em peças oversize e impermeáveis.
E se foi na geração atual que Andrez inspira a coleção The TFK's, não nega que é também (mas não só) a eles que a dedica: "dedico a todas as pessoas que a queiram comprar, desculpem a sinceridade", admite ao Notícias ao Minuto.
Como desabafa Ricardo Andrez, “atualmente as marcas ditas de luxo apropriam-se das pequenas marcas que foram criadas para uma cultura mais underground, dos anos 80. A maior parte destes jovens não faz ideia o que é que estas pequenas marcas simboliza”, garante. “Pouco lhe interessa o lado histórico e o que representa”. A mim interessava-se este exercício” de exploração da atual geração, conclui o criador, que vê a ModaLisboa como “a montra mais óbvia para a moda nacional. Se não houvesse, não teríamos como chegar a tanta gente e a tanta imprensa”.
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