Amnistia elogia líder da oposição do Zimbabué que morreu quarta-feira
A Amnistia Internacional (AI) elogiou hoje o líder da oposição zimbabueana, Morgan Tsvangirai, falecido quarta-feira, e considerou-o um "político corajoso" que lutou sempre pela defesa dos direitos humanos no Zimbabué, mesmo com custos a nível pessoal.
© Reuters
Mundo Deprose Muchena
"Como líder político, Morgan Tsvangirai deu esperança a milhões de zimbabueanos numa altura em que os direitos humanos (no país) estavam em risco"", indica hoje, num comunicado, a diretora regional da AI para a África Austral, Deprose Muchena.
"A sua morte vai ser sentida por todos os que continuam a lutar pelos direitos humanos, pelo Estado de direito e pela justiça social no Zimbabué", acrescentou.
Após uma vida como dirigente sindical, Tsvangirai, 65 anos, falecido quarta-feira à noite vítima de cancro no cólon, chegou à arena política zimbabueana no final dos anos 1990, quando fundou o Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla inglesa), numa altura em que o então presidente, Robert Mugabe, liderava o país com "mão de ferro".
Após as acesas e polémicas eleições presidenciais de 2008, com atos de violência pós-eleitoral e acusações de fraude, Tsvangirai aceita, em 2009, ser primeiro-ministro de Mugabe, "aliança" que acabou em 2013, com a realização de nova votação, que acabaria por perder, também com acusações de irregularidades.
Para a AI, como líder sindical, Tsvangirai levou a cabo uma "dura luta" dos trabalhadores para que estes conquistassem os direitos económicos e sociais no país, tendo, já como opositor, "denunciado repetidamente as violações aos direitos humanos e as injustiças", que incluíram detenções e intimidações de ativistas, jornalistas e dirigentes da oposição.
No comunicado, a AI lembra que o próprio Tsvangirai foi frequentemente detido e espancado pelas forças de segurança zimbabueanas, quer pelas suas atividades políticas quer pelas sindicais.
Morgan Tsvangirai, natural de Gutu, na província de Masvingo (sul do Zimbabué), onde nasceu a 10 de março de 1952, e cedo começou o seu ativismo, ao chegar à liderança da União das Associações dos Trabalhadores Mineiros (AMWU), culminando a vida sindical em 1988, com a eleição como secretário-geral do Congresso das Centrais Sindicais do Zimbabué (ZCTU), a maior do país.
Após a queda de Robert Mugabe, em novembro de 2017, e a subsequente subida do vice-Presidente Emmerson Mnangagwa a chefe de Estado, Tsvangirai ainda se pronunciou sobre o seu futuro como Presidente do Zimbabué, mas, já em janeiro, a doença que o minava levou-o a anunciar a desistência da corrida às eleições deste ano.
No passado dia n05 de janeiro, Mnangagwa efetuou uma "visita simbólica" a Tsvangirai, percebendo, então, da inevitabilidade da desistência do rival, deixando, ao mesmo tempo, entender que será o candidato da União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF, no poder desde a independência.
Tsvangirai foi, nos anos de oposição a Mugabe, considerado pela ZANU-PF e pelos militares que sempre apoiaram o regime de Harare como uma "marioneta" do "Mundo Ocidental".
Mais recentemente, a 6 deste mês, a imprensa zimbabueana noticiou que Tsvangirai encontrava-se no Hospital Wits Donald Gordon, em Joanesburgo, em "estado crítico" e também a braços com um "esgotamento" e com "perda de peso e de massa muscular".
O MDC ainda não se pronunciou oficialmente sobre a morte do seu líder, nem deu indicações sobre quem será o sucessor de Tsvangirai.
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