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Há "banalização" de violência entre casais, diz a tutela

A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade admitiu hoje que em Portugal há uma "banalização e mistificação" da violência entre casais, lançando um apelo aos "atores da sociedade" para que sejam "vigilantes e intensifiquem a sensibilização".

Há "banalização" de violência entre casais, diz a tutela
Notícias ao Minuto

13:07 - 14/02/18 por Lusa

País Secretaria de Estado

"Há uma banalização e uma mistificação [da violência entre casais]. Hoje estamos no dia dos namorados e há uma certa mistificação do ideal de amor romântico que afasta a representação que temos de situações de intimidade da questão da violência e da agressividade", disse a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro.

A governante, que participava no Porto na apresentação de um estudo sobre violência no namoro realizado pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) depois de também ter estado presente, na Maia, no seminário final do programa UNI+ para a prevenção da violência no namoro em contexto universitário promovido pela Associação Plano I, apontou que os dados revelados hoje "causam alguma perplexidade", mas valorizou os estudos pela "visibilidade a uma problemática que existe".

"Temos cerca de 600 mil euros em projetos financiados e apoiados pelo POISE [Programa Operacional Inclusão Social e Emprego] e valorizamos a intervenção junto de pais e mães, alunos e alunas, escolas, docentes e não docentes, para prevenir e combater a violência no namoro. É uma aposta do Governo continuar a apoiar os atuais projetos e aumentar as intervenções", disse Rosa Monteiro.

A secretária de Estado enfatizou que esta área está incluída na Estratégia para a Igualdade e Não Discriminação, uma "estratégia que chama a atenção para os estereótipos que estão na base da violência entre mulheres e homens, rapazes e raparigas" e enumerou medidas na esfera da educação como a capacitação de profissionais, bem como a integração desta matéria nos materiais e programas pedagógicos.

A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade contou ter sido confrontada com uma situação em que uma professora do Ensino Superior se apercebeu que uma aluna tirava sempre uma 'selfie' [fotografia] quando chegava às aulas e chegou à conclusão que o namorado exigia que ela comprovasse o sítio onde estava.

"Estes estudos são importantes para reconhecer o problema e para aumentar a intolerabilidade social a esta problemática", salientou a governante, acrescentando que esta é "uma problemática multidimensional", pelo que deixou um apelo.

"Precisamos de todos e de todas neste combate. Falei dos professores e das escolas, mas apelo também às famílias e autarquias e a todos os agentes da sociedade para que todos sejam vigilantes e reforcem as suas ações contra a violência", referiu.

Já após a sessão, a presidente da UMAR, Maria José Magalhães, defendeu que as abordagens a esta matéria nas escolas sejam feitas por pessoas especializadas e considerou que a intervenção de ser articulada pela educação para a cidadania, mas também pela educação para a saúde.

"A aposta na prevenção primária é fundamental, mas defendo uma perspetiva pedagógica. Temos de ter uma estratégia assente na pró-atividade dos jovens. E tudo deve ser feito por pessoas especializadas", disse a responsável da UMAR, instituição cujo estudo apresentado hoje refere mais de metade dos jovens inquiridos refere que já sofreu atos de violência no namoro e mais de dois terços aceitam como normal algum dos comportamentos violentos na intimidade.

O inquérito nacional da UMAR 2018 envolveu cerca de 4.600 jovens, com uma média de idades de 15 anos, alerta para as "elevadas taxas de vitimação e, sobretudo, de legitimação da violência".

"É preocupante" verificar que 68,5% dos jovens (3.186) consideram como natural ter, pelo menos, um comportamento violento na intimidade e que 56% dizem já ter sofrido atos de vitimação, indica o inquérito, divulgado no Dia dos Namorados.

Analisando os vários tipos de vitimação, o estudo revela que 18% foram vítimas de violência psicológica, 16% de perseguições, 12% de violência através das redes sociais, 11% de situações de controlo, 7% de violência sexual e 6% de violência física por parte de um companheiro ou companheira.

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