Mergulho em água fria põe fim a dor crónica
Um mergulho no mar alto, em água gelada, com temperatura inferior a 10ºC, pôs fim à dor crónica de um homem de 28 anos.
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Um estudo divulgado, ontem, na publicação médica de investigação The BMJ, conta a história de um homem que vivia, há 10 semanas, debilitado por uma dor crónica no nervo, após se ter submetido a uma cirurgia para reduzir um síndrome de rubor crónico.
O procedimento envolvia cortar os nervos, na zona do peito, responsáveis pelo rubor facial. Após a cirurgia, a dor instalou-se e qualquer tipo de medicação para a combater não estava a funcionar, segundo os investigadores. Exercício em geral estava apenas a piorar a situação, tornando o programa de fisioterapia a que deveria ter sido submetido impossível de realizar.
Desesperado, o homem – que tinha sido triatleta antes da cirurgia – decidiu ir nadar no alto mar. Na pior das hipóteses, pensou, iria abstrair-se um pouco da dor. Porém, após ter mergulhado em águas com temperatura inferior a 10ºC, durante apenas um minuto, a dor desapareceu e não voltou.
“Pela primeira vez em meses, esqueci-me completamente da dor ou do medo que tinha de sentir aquelas pontadas agudas e agonizantes que me afligiam o peito, quando me movia de certo modo”, disse aos investigadores. “Senti simplesmente uma descarga de adrenalina tremenda, aposto que mesmo que ‘quisesse’ e me esforçasse por sentir aquela dor não teria conseguido”.
“Quando saí da água, apercebi-me que a dor neuropática tinha desaparecido. Não podia acreditar”.
O tratamento “improvável” deixou os médicos no mínimo surpresos. O caso é de tal forma inédito, que os investigadores estão de certo modo hesitantes em admitir que a água fria levou à recuperação do homem. Apesar, de declararem no relatório que parece “não existir nenhuma outra explicação alternativa”.
O choque provocado pelo contacto súbito do corpo com a água gelada poderá ter catalizado uma nova onda de atividade no sistema nervoso, especulam, alterando a atividade cerebral do indivíduo e sua perceção à dor. Mais ainda, a sensação extrema provocada por dar umas braçadas naquela água gélida poderá ter contribuído para distrair o homem da dor, permitindo-lhe superá-la e movimentar-se livremente, desencadeando potencialmente um efeito de longa duração no cérebro e no corpo.
Investigação relativa aos potenciais benefícios para a saúde do contacto do corpo com água fria é quase inexistente, apesar de alguns estudos anteriores sugerirem que poderá ajudar na recuperação dos atletas e no tratamento da depressão clínica. Este novo caso gera tantas respostas como perguntas. Mas, segundo os investigadores, e tendo em conta os resultados impressionantes na melhoria do estado de saúde no indivíduo de 28 anos, estudos que analisem o que nadar em água fria faz ao cérebro e ao corpo, nomeadamente no controlo da dor, deverão ser postos em prática.
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