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Deputado do PSD considera "criminoso" desvalorizar "gravíssima situação"

O deputado do PSD, José Cesário, disse hoje em Caracas que "é criminoso" desvalorizar a "gravíssima situação" da Venezuela, insistindo que é preciso disponibilizar "todos" os meios necessários para apoiar a comunidade portuguesa.

Deputado do PSD considera "criminoso" desvalorizar "gravíssima situação"
Notícias ao Minuto

21:44 - 07/02/18 por Lusa

Política Venezuela

"Portugal não pode ignorar o que se passa na Venezuela. Há, em Portugal, pessoas com responsabilidades a nível político, que nos últimos tempos têm desvalorizado a gravíssima situação da Venezuela. Isto não pode ser desvalorizado, pelo contrário, se isso for feito é criminoso", disse.

José Cesário falava à agência Lusa no final de uma viagem de seis dias à Venezuela onde contactou com portugueses em Caracas, Los Teques, Turumo, Vargas, Maracay e Valência, tendo ainda reunido-se com parlamentares venezuelanos.

"É preciso que mobilizemos meios, muitos meios, todos os que forem necessários, para apoiar esta comunidade aqui e, obviamente, lá, aqueles que forem regressando a Portugal", disse.

O ex-secretário de Estado das Comunidades Portuguesas no anterior Governo PSD/CDS, liderado pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, começou por explicar que encontra uma comunidade que mantém "uma grande confiança" na Venezuela, "mas que se encontra profundamente marcada por uma crise que tem uma dimensão impressionante".

"É bom, que em Portugal se tenha consciência que se vivem, aqui, hoje, dramas enormes. Eu contactei com várias centenas de pessoas, ao longo destes seis dias, e assisti, foram-me contados, foram-me relatados, dramas inimagináveis de pessoas que nalguns casos pretendem continuar aqui, noutros casos pretendem ir para Portugal ou para outros países, mas que veem as suas vidas completamente destruídas", disse.

Segundo José Cesário tratam-se "de jovens e de pessoas de idade, de todos os estratos (sociais), de famílias inteiras, que efetivamente estão neste momento condicionadíssimas por situações inimagináveis".

"Falta-lhes tudo. Falta-lhes alguma esperança, medicamentos, bens de primeira necessidade, alimentos, oportunidades de trabalho, possibilidade de garantir a sua subsistência e a dos seus filhos, portanto há aqui problemas de uma gravidade extraordinária", frisou.

Para o deputado, "neste contexto, é absolutamente indispensável a presença, o apoio, o acompanhamento de Portugal e é por isso que é importantíssimo aquilo que os nossos serviços aqui na Venezuela, sobretudo sob o ponto de vista diplomático, social e também cultural possam fazer".

"Como é também fundamental que as instituições portuguesas, em Portugal, consigam perceber que tipo de pessoas é que vão daqui, em que circunstâncias é que vão e o que é preciso fazer para as apoiar, para as ajudar", disse.

Questionado sobre o funcionamento dos consulados portugueses, explicou que "há muitas queixas, efetivamente" e que "os nossos dois consulados na Venezuela têm uma gritante escassez de recursos humanos. Face ao aumento da procura que houve nestes dois (últimos) anos (...) mais cinco ou seis funcionários não eram demais para poderem cumprir a missão".

"Uma pessoa que for hoje tratar de um processo de nacionalidade para poder ter os documentos portugueses, no Consulado de Caracas, na melhor das hipóteses esperará uns sete a oito meses até os ter e no Consulado de Valência esperará mais de um ano", explicou.

O parlamentar chamou ainda a atenção que o "Consulado-geral de Caracas deixou de fazer permanências consulares já desde outubro, o que significa que os portugueses que estão espalhados por variadíssimas cidades, algumas a muitas centenas, até mais de mil quilómetros de Caracas, estão completamente isolados, sem possibilidade de tirar documentos, sobretudo se forem pessoas que não se possam mover, por questões financeiras ou de saúde, no caso dos idosos".

"O Consulado de Valência ainda continua a fazer (...) mas com grande sacrífico e sobretudo com um risco enorme (de insegurança e de deslocação)", disse.

Por outro lado, sublinhou que Portugal deve saber que "há pessoas que necessitam, com urgência, de apoios económicos, em bens de primeira necessidade, alimentos, medicamentos, e até ao momento na maior parte dos casos não os tiveram".

"Há mesmo instituições da comunidade, alguns lares, algumas instituições da área da solidariedade social, que se debatem hoje com dificuldades enormes porque as fontes tradicionais de financiamento que aqui tinham, neste momento estão quase todas em causa", disse.

No entanto, sublinhou que "a maioria clara da comunidade continua a ter esperança e fé na Venezuela, e a acreditar que querem fazer aqui as suas vidas. Porém é evidente que cada vez mais, relativamente aos mais novos, há uma tendência de saída".

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