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Linha mais problemática, horários, pico de falhas. App põe o Metro 'a nu'

Um projeto multiplataforma, criado por um estudante, que avisa sobre as perturbações no Metropolitano de Lisboa. Nem a empresa resistiu à ideia, tendo contactado o seu autor. O Notícias ao Minuto também falou com Gabriel Maia para saber tudo sobre a ideia.

Linha mais problemática, horários, pico de falhas. App põe o Metro 'a nu'
Notícias ao Minuto

08:00 - 15/01/18 por Anabela de Sousa Dantas

País Projeto

Gabriel Maia tem 21 anos e ainda está a estudar, mas conseguiu ser a primeira pessoa a pôr preto no branco as falhas do sistema metropolitano da cidade de Lisboa. O UnderLX tem tudo no mesmo sítio, com informação variada, na página online e na aplicação, com possibilidade de o utilizador contribuir para a sua eficiência. Não é um projeto lucrativo, sendo essa, aliás, a sua principal força. É um serviço público feito para os cidadãos e com a ajuda dos cidadãos.

O jovem estudante do Mestrado em Engenharia Informática no Instituto Superior Técnico conta, neste momento, com a contribuição de mais duas pessoas para o projeto mas os utilizadores também fornecem informação.

Gabriel falou com o Notícias ao Minuto sobre o projeto, a razão da sua criação e os objetivos para o futuro, assim como sobre a conversa que manteve com o Metropolitano de Lisboa, que já o contactou. Pode ver tudo abaixo, ponto por ponto:

Serviço para ajudar os utentes ou criticar o Metro? "Dupla função"

“O site surgiu primeiro do que a aplicação, a ideia partiu do meu interesse sobre o Metro e tratou-se de uma tentativa de fazer algo engraçado e com sentido útil, daí o site ter aquela apresentação inicial, com letras grandes e aqueles contadores. O objetivo é recolher uma série de informações sobre o estado atual e a evolução do serviço do Metro, a partir de informações que já se encontravam disponíveis publicamente, e também recolher mais informações com base nos dados submetidos ao utilizar a aplicação. A intenção é permitir às pessoas otimizar a sua utilização do Metro, contornando as falhas do serviço. Nesse sentido, o projeto serve mais para ajudar os utentes do Metro, do que para criticar o serviço, mas claro que enquanto continuar a ser desenvolvido de forma independente, terá sempre essa dupla função.”

O contacto [do Metropolitano de Lisboa] foi feito de uma forma bastante amistosa e informalMetropolitano de Lisboa "compreende os problemas que existem" e gosta do projeto

“O contacto [do Metropolitano de Lisboa] foi feito de uma forma bastante amistosa e informal. Pareceram cativados pelo projeto que tínhamos a apresentar e houve uma troca de palavras bastante interessante e elucidativa de parte a parte. Estavam interessados em ouvir a nossa opinião sobre o Metro, uma vez que tínhamos os nossos dados para justificar as nossas opiniões e críticas. Os representantes com quem falámos mostraram compreender os problemas que existem e incentivaram-nos a não parar de mostrar a realidade do Metro e os seus problemas. Nesse campo só temos a agradecer pela forma como nos receberam, foram sempre simpáticos, bastante recetivos em relação ao que tínhamos a dizer e ficou no ar um sentimento bastante colaborativo de parte a parte. Além disso, logo no início da reunião, tiveram o cuidado de nos assegurar que não nos estávamos a reunir por terem um problema com o nosso projeto, mas sim por terem efetivamente gostado dele e por ter nascido de uma forma tão espontânea.”

Página mostra-lhe as estatísticas, aplicação mostra-lhe tudo

“Tanto o site como a aplicação, UnderLX, mostram informações sobre o estado das linhas, diagramas de cada linha e informações sobre as estações (desde os horários dos átrios, às correspondências com linhas de autocarro, proximidade a postos GIRA ou parques de estacionamento, entre outras). O site está mais focado na parte estatística, apresentando por isso mais dados. Já a aplicação serve mais como um ajudante do utilizador do Metro, tanto dentro como fora da rede, para quem viaje ocasionalmente e para quem o use todos os dias. A aplicação, na qual nos focamos mais intensamente, oferece a possibilidade acrescida de pesquisar trajetos, ver mapas da rede do Metro, ver notícias publicadas pelo Metro no seu site e Facebook, e receber notificações em tempo real sobre as perturbações que estão a ocorrer. Temos muitas outras coisas planeadas, algumas delas irão depender da informação que o Metro passar a disponibilizar ao longo dos próximos meses, e da relação que mantivermos com a empresa.”

A linha Azul tem sido a mais problemática, seguida da linha Amarela e da linha VerdeA linha com mais problemas? A Azul. "É possível que a idade tenha peso"

"Neste momento já temos dados das perturbações referentes a dez meses de atividade (desde março a dezembro do ano passado), que podem ser até consultados no site. Segundo estes dados, a linha Azul tem sido a mais problemática, seguida da linha Amarela e da linha Verde. Claro que isto tem variado um pouco ao longo do ano. Notámos que nos meses de maio, julho e agosto a linha Azul melhorou bastante, embora em junho tenha atingido o seu pico máximo de perturbações. Já a linha Vermelha tem sido quase constantemente a que tem menos perturbações. É possível que a idade da infraestrutura tenha um peso significativo na existência de perturbações, tendo em conta que existe um elevado número de avarias da sinalização precisamente na linha Azul, uma das mais antigas. O número de estações e o comprimento de cada linha também podem ser fatores importantes, mas infelizmente ainda não temos dados conclusivos."

O horário mais crítico para usar o Metro? Entre as "16h e as 21h"

"O horário mais crítico, em termos de perturbações, é entre as 16h e as 21h, com um pico entre as 18h e as 19h. Com base nos dados recolhidos pelo UnderLX, podemos confirmar que esta é também uma das horas de maior procura (juntamente com o período entre as 8h e 10h da manhã). Assim, o Metro parece servir principalmente movimentos pendulares casa-trabalho, embora, obviamente, a procura durante o resto do dia seja mais do que suficiente para justificar a sua abertura no horário atual."

Feedback e parcerias com outras entidades é algo que nunca deixaremos de considerar, mas temos algum cuidadoNem acesso restrito, nem publicidade. Talvez uma ajuda do Metro?

"O UnderLX é um projeto sem fins lucrativos, em parte porque ainda não encontrámos forma de rentabilizar a prestação deste serviço. Consideramos que, tratando-se de informação obtida quer através de fontes públicas, quer através da ajuda dos utilizadores, não faz sentido restringir o acesso à mesma a troco de dinheiro. Se colocássemos publicidade, o seu retorno seria bastante diminuto para o incómodo que causaria nos utilizadores, e certamente nunca seria suficiente para substituir um emprego. Assim, para me dedicar apenas a este projeto – algo que gostaria muito de fazer - este teria de ser patrocinado pelos utilizadores de forma mais direta, ou por entidades que estejam dispostas a financiar o projeto, talvez até o próprio Metro, visto que ficaram muitas hipóteses em cima da mesa e aguardamos sempre alguma novidade."

Parcerias? Sim, talvez, mas com cuidado para evitar pressões externas

“Fomos contactados (…) por algumas empresas e pessoas individuais que se ofereceram para disponibilizar serviços que, embora importantes, ainda não nos são úteis. Feedback e parcerias com outras entidades é algo que nunca deixaremos de considerar, mas temos algum cuidado para continuarmos a estar isentos de pressões externas que possam comprometer o rumo do projeto por ideais de terceiros. Estamos sempre recetivos a qualquer apoio, desde que faça sentido perante as necessidades do projeto. Quanto a outras entidades pertencentes ao Governo ou às autarquias, não recebemos qualquer contacto.”

E uma expansão para a Carris? "Aguardaremos"

"A ideia de expandir o projeto para outros transportes continua a ser apenas uma intenção a muito longo prazo. Devido à visão que temos para o nosso sistema, que pretende ser muito bem integrado com os transportes que suporta, só faz sentido suportarmos transportes que conheçamos e que utilizemos regularmente. Precisamos sempre de ter alguém de confiança no terreno para recolher os dados necessários e para fazer os devidos testes, bem como uma forma de obter o estado atual do serviço. No caso da Carris, há também o facto de já terem lançado a sua própria aplicação. Tal como o UnderLX, essa aplicação ainda está em desenvolvimento, pelo que pode não apresentar todas as funcionalidades que seriam desejáveis. No entanto, aguardaremos por uma versão mais completa para percebermos se existe alguma vertente na qual possamos ser uma alternativa útil à aplicação oficial."

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