Autarca "muito feliz" com "selo" da classificação dos Bonecos de Estremoz
O presidente do município de Estremoz, Luís Mourinha, manifestou-se hoje "muito feliz", após a UNESCO ter classificado como Património Cultural Imaterial da Humanidade a produção dos 'Bonecos de Estremoz'.
© Lusa
País UNESCO
"No fundo é um momento grande da história de Estremoz em termos da sua classificação, das suas gentes, porque o figurado de barro representa tudo o que é o trabalho, tudo o que é a dificuldade dos alentejanos e dos estremocenses em particular", disse o autarca à agência Lusa.
De acordo com Luís Mourinha, a UNESCO valorizou os 'Bonecos de Estremoz', uma arte popular em barro com mais de três séculos, pela "visão do artista, do artesão sobre a sua envolvência".
A classificação da 'Produção de Figurado em Barro de Estremoz', vulgarmente conhecida como 'Bonecos de Estremoz', foi decidida na 12.ª Reunião do Comité Intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, que decorre na Ilha Jeju, na Coreia do Sul, até sábado.
A decisão, que ocorreu pelas 01h05 (hora de Lisboa), foi bastante celebrada pela comitiva portuguesa que, durante os festejos, exibiu exemplares de 'Bonecos de Estremoz'.
A candidatura teve como responsável técnico o diretor do Museu Municipal de Estremoz, Hugo Guerreiro, que, em declarações à Lusa, mostrou-se "emocionado" com a distinção.
"Correu tudo como estávamos à espera, sem comentários dos participantes na reunião, foi tudo aprovado de forma rápida. Estamos muito contentes, abrimos também a porta ao resto do figurado no mundo para que, de facto, seja valorizado pelas suas comunidades e pelos seus países", disse.
Hugo Guerreiro recordou que esta vitória resulta de um trabalho "muito árduo" nos últimos cinco anos.
"Estou muito contente pelos artesãos, recordo muito a minha família, o meu antigo diretor do Museu Municipal de Estremoz, Joaquim Vermelho, um grande amante do boneco de Estremoz e que me passou esta paixão. É um momento para recordar para o resto da vida", acrescentou.
Emocionada com a distinção da UNESCO, a artesã Perpétua Sousa, que produz 'Bonecos de Estremoz' há 43 anos, homenageou todos aqueles que já trabalharam em redor da 'Produção de Figurado em Barro de Estremoz'.
"Esta é uma homenagem também para quem nos ensinou a trabalhar, Sabina Santos. A partir de agora temos uma responsabilidade acrescida e acreditamos que a procura de interessados em comprar estas figuras vai aumentar", disse.
Os 'Bonecos de Estremoz' pertencem a uma arte de caráter popular, com mais de 300 anos de história, tendo sido o primeiro figurado do mundo a merecer a distinção de Património Cultural Imaterial da Humanidade, na sequência da candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Estremoz, no distrito de Évora.
Com mais de uma centena de figuras diferentes inventariadas, a arte, a que se dedicam vários artesãos do concelho, consiste na modelação de uma figura em barro cozido, policromado e efetuada manualmente, segundo uma técnica com origem pelo menos no século XVII.
Em Estremoz, trabalham atualmente nesta arte emblemática Afonso e Matilde Ginja, Célia Freitas, Duarte Catela, Fátima Estróia, Irmãs Flores, Isabel Pires, Jorge da Conceição, Miguel Gomes, Perpétua Sousa e Ricardo Fonseca.
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