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Capítulo V: Da ameaça à agressão. O que se passa na arbitragem portuguesa

O clima na arbitragem portuguesa está quente. O caso dos emails fez aumentar as dúvidas sobre a classe e a greve que estava anunciada não melhorou o ambiente. Agora, só durante a última semana, há a registar dois casos de agressão nos escalões mais baixos do futebol luso.

Capítulo V: Da ameaça à agressão. O que se passa na arbitragem portuguesa
Notícias ao Minuto

08:11 - 07/12/17 por Sérgio Abrantes , Andreia Brites Dias e Inês Figueiredo

Desporto Caso dos emails

A arbitragem tem sido, desde que o futebol português movimenta milhões de euros anualmente, um dos cavalos de batalha dos grandes. Usados como arma de arremesso para defesa da honra própria, os juízes têm sido constantemente postos em causa no seu julgamento dos lances mais complexos.

A classe não goza de uma imagem pública limpa, muito por culpa de casos como o Apito Dourado ou, mais recentemente, dos emails divulgados pelo FC Porto. Mas haverá motivo para, como chegámos a ver recentemente, se tentar parar o futebol para serenar ânimos?

Esta quarta-feira, como complemento a uma entrevista a Marco Ferreira, antigo árbitro do primeiro escalão do futebol português, lembramos alguns casos que provam a dificuldade de ser o homem do apito em terras lusas, numa espécie de exame às pressões que a classe tem sofrido.

A panaceia que se tornou placebo… contra os regulamentos

Durante as últimas semanas, como forma de tentar minimizar danos e criar novas dinâmicas de proteção aos árbitros – a temporada passada os jogos passaram todos a ter policiamento – a Federação Portuguesa de Futebol tem divulgado os nomes dos árbitros escalados para cada jogo da jornada apenas no dia em que eles se disputam.

Esta forma de anúncio é contra os regulamentos, mas foi tomada, ao que tudo indica, como forma de tentar proteger a classe. A verdade é que não tem evitado polémicas. Com um quadro reduzidos de juízes de primeira linha, as nomeações têm sido continuamente questionadas.

Por outro lado, a greve foi a bandeira de guerra agitada pela classe. Num momento de maior tensão, através da APAF, os juízes ameaçaram com a paralisação do campeonato. Chegou a temer-se o pior, mas um aviso da FPF chegou para lembrar aos juízes que este tipo de pedido tinha consequências. Os regulamentos estipulam que são necessários 20 dias para aprovação destes procedimentos e a ameaça era, praticamente, para o dia seguinte.

O remédio terminou em placebo, esgoto do seu efeito pretendido. E a pressão e as questões sobre os homens do apito continuaram.

De guerra em guerra, até ao esquecimento

Acompanhar a atualidade desportiva é uma tarefa cada vez mais complexa para quem quer manter-se atualizado sobre todas as dinâmicas do futebol. Os clubes, mas também todos os restantes intervenientes, estão fechados sobre si. O adepto pouco vê de futebol além dos 90 minutos da sua equipa, mas é inundado, via televisão e jornais, de polémicas.

Nas semanas que antecederam o clássico entre FC Porto e Benfica, as águias denunciaram várias pressões de Luís Gonçalves, dirigente portista, sobre a equipa de arbitragem do jogo dos dragões com o Boavista, mas também sobre um funcionário do D. Aves.

A polémica passou praticamente sem consequências, mas o dirigente, que está a ser investigado por corrupção ativa, acabou, por exemplo, expulso durante a partida entre águias e dragões este fim de semana.

Com todo este ruído, a verdade é que o futebol vai perdendo importância… (até ao esquecimento?)

Pedro Proença: Presidente da Liga já foi vítima da ‘pressão’

O atual presidente da Liga de Clubes tem sido 'personagem' algo ausente em toda esta polémica. Mantendo-se à margem das grandes questões, Pedro Proença tem apelado à pacificação do clima entre todos os agentes desportivos.

Porém, Proença conhece como poucos a que é ser alvo de pressão. O antigo juiz internacional, que chegou a dirigir uma final da Liga dos Campeões, foi vítima de uma agressão em pleno dia, corria o ano de 2011.

Quando percorria o Centro Comercial Colombo, em Lisboa, o antigo árbitro foi agredido por um adepto com uma cabeçada. A ‘conta’ resultou em ferimentos na boca e dois dentes partidos. O episódio foi desvalorizado, mas deixou, como é óbvio, marcas.

Clima tenso… até nos distritais

Durante a última semana, nos escalões mais baixos do futebol português, foram registados, pelo menos, dois casos graves de agressões. O jogo entre União de Lamas e Beira-Mar teve de ser interrompido, ao intervalo, depois de o juiz do encontro ter sido alvo de soco por parte de um adepto. O vídeo do sucedido foi partilhado nas redes sociais e motivou, inclusivamente, um pedido de desculpa dos aveirenses.

Este episódio aconteceu no campeonato distrital da Associação de Futebol de Aveiro e o homem agredido, segundo o narrado pelo jornal Record, recebe 45 euros por encontro apitado, ao par que os seus assistentes recebem 30 euros. Um valor que gera questões, sobretudo quando quem está com o apito e os cartões tem responsabilidades extra-futebol e pode ser vítima destes atos.

Mas este não foi episódio único.

Também durante a passada semana, num jogo da distrital de Lisboa, entre Casainhos e União das Mercês, a partida teve de ser interrompida. Durante o desenrolar do encontro, o árbitro Ricardo Lourenço foi alvo de agressão por um jogador, motivando, por isso, a suspensão do jogo.

A APAF solidarizou-se com os visados em ambos os episódios, mas a verdade é que é pouco. O clima que se vive exige preocupação e o caminho só pode ser a credibilização dos árbitros.

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