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Capítulo IV: Da época em risco ao pedido de intervenção do Governo

O caso dos emails continua a tomar conta da agenda do futebol português. Depois da primeira divulgação feita por Francisco J. Marques, o início da temporada chegou a ser colocado em causa, assim como os títulos do Benfica e, apesar do silêncio inicial, o presidente do Benfica foi o primeiro a pedir a intervenção do Governo. E voltou a fazê-lo, três meses depois.

Capítulo IV: Da época em risco ao pedido de intervenção do Governo
Notícias ao Minuto

08:50 - 29/11/17 por Inês André de Figueiredo , Andreia Brites Dias e Sérgio Abrantes

País Caso dos emails

Corria o mês de junho deste ano quando rebentou (mais) uma polémica entre Benfica e FC Porto, após a divulgação de um alegado esquema de corrupção na arbitragem encabeçado pelo clube da Luz. Se recuarmos a esse momento, é possível recordar que o Benfica se tinha sagrado tetracampeão nacional há pouco dias e que o FC Porto se preparava para começar uma nova era com Sérgio Conceição na liderança da equipa de futebol. 

A pré-temporada foi verdadeiramente ‘quente’, apesar da falta de nomes grandes a chegarem ao futebol português. O início de época ameaçava começar torto e a competição foi constantemente colocada em causa. A competição e o(s) títulos anteriormente conquistados. Numa das suas intervenções sobre o caso, o Sporting pediu cabeças e na conta apresentava quatro títulos de campeão nacional a serem retirados ao Benfica.

Num momento de verdadeira tensão, muitos foram os que falaram e deram opiniões, mas também se ouvia nos corredores... silêncio, muito silêncio.

Perante as acusações de corrupção no mundo dos ‘homens do apito’, o ex-árbitro Fortunato Azevedo, em declarações ao Jogo, chegou a erguer a voz, dizendo que a credibilidade dos árbitros tinha sido colocada em causa e que, por essa razão, toda a classe profissional deveria recusar iniciar a época até que houvesse uma decisão... definitiva.

Por outro lado, também o presidente do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, José Manuel Meirim, solicitava, através de comunicado, celeridade e rapidez na avaliação do processo em causa. Afinal, em perigo estava a Liga e apelava-se à normalidade e ao afastamento de polémicas.

Não aconteceu. De todo. A época, de facto, teve início, a bola começou a rolar, mas também as acusações, que a breve trecho passaram as margens dos relvados e ocuparam o campo judicial. Depois de uma denúncia anónima, o Ministério Público rapidamente confirmou que o caso iria ser alvo de investigação por parte das entidades competentes.

Após um silêncio que se tornou ensurdecedor, principalmente para os rivais que pediam reações constantes, Luís Filipe Vieira abordou o tema, quase dois meses após a divulgação do primeiro email. Foi nesse dia - 5 de agosto - que o presidente do Benfica pediu a intervenção do Estado e do Governo.

O líder encarnado pedia que se encontrasse uma solução que permitisse ser uma “entidade independente e credível a regulamentar e gerir as principais áreas que requerem independência e autonomia face aos diferentes competidores".

A violência verbal, o clima de intimidação e ameaças, as suspeitas levantadas sobre todos os agentes desportivos, o absurdo de se ver um clube desprestigiar a principal competição nacional e de fazer pública exibição de informação supostamente roubada a outra sociedade desportiva - tudo isto é lamentável”, disse, à época.

A tinta continuou a correr, os emails continuaram a vir a público e as autoridades tiveram, nesse momento, o caso nas mãos, sendo que foram, inclusive, realizadas buscas ao estádio da Luz procurando-se elementos de prova.

Mas, contrariamente ao que chegou a ser avançado, a época começou com normalidade dentro de campo,  apesar de ser agora para o relógio da justiça o relógio para o qual todos olham.

Mesmo sendo esta uma ‘guerra’ entre Benfica e Porto, já este mês, há que lembrar, o secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, recebeu Bruno de Carvalho, a pedido do presidente do Sporting, e para além do caso dos emails, o tema dos vouchers também foi recordado.

A justiça está a funcionar, não só no caso dos e-mails, mas também no dos vouchers. É fundamental para o futuro do futebol e nós acreditamos que a justiça vai funcionar", garantiu o líder leonino.

Cerca de 15 dias após este encontro, o presidente do Benfica voltou a referir-se ao caso, com mais uma chamada de atenção ao Executivo, pedindo que o Governo e os responsáveis pelas competições profissionais assumam "as suas responsabilidades".

"Se existe quem não seja capaz de impor regras rigorosas e claras, então que se encontre uma solução conjunta que normalize as competições", solicitou, no último sábado, salvaguardando que "o Benfica, como sempre, está disponível para de forma construtiva, ajudar a encontrar as melhores soluções".

Mais ainda, depois de uma ausência estranhada, Vieira esteve ontem, terça-feira, na comemoração dos 75 anos do jornal O Benfica ne voltou a deixar 'farpas' aos adversários e às circunstâncias que o clube tem vivido, dando a entender que o silêncio - que foi muitas vezes a sua resposta - pode mesmo ter ficado no passado. 

"É preciso espalhar a mensagem. Temos de dar cada vez mais destaque aos verdadeiros protagonistas, os nossos atletas e treinadores. Aos nossos projetos e desafios inovadores, valorizar tudo o que de bom fazemos, realizado por profissionais de grande categoria. Comunicar Benfica, estar acima do ruído e ignorar os medíocres", realçou, acrescentando que "o Benfica é maior do que qualquer circunstância, é o melhor de Portugal e uma referência global que concilia a memória, o presente e o futuro".

E é neste clima de tensão que se viverá o jogo entre FC Porto e Benfica, na próxima sexta-feira, sendo este o primeiro Clássico desde que o caso dos emails tomou conta do futebol português. 

Sobre o mesmo tema, no Capítulo IV:

Apito do medo quase fez Liga perder o pio

Entrevista a Pedro Guerra: "Caso dos Emails? Continuo a ser alvo de uma campanha miserável"

Perfil de Pedro Guerra: A face de um mal-entendido que 'mói' o futebol português?

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