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Capítulo IV: Apito do medo quase fez Liga perder o pio

Vouchers, emails, esquemas e corrupção. As acusações estão feitas, as reações são poucas e os dados estão lançados. O ano de 2017 tem sido marcado pelo clima cada vez mais tenso na arbitragem portuguesa, que tem prejudicado o espetáculo do futebol. Este IV Capítulo é sobre o clima de intimidação que se tem vivido em torno da arbitragem e do futebol português, com tudo o que se tem passado fora das quatro linhas.

Capítulo IV: Apito do medo quase fez Liga perder o pio
Notícias ao Minuto

08:45 - 29/11/17 por Andreia Brites Dias , Inês André de Figueiredo e Sérgio Abrantes

Desporto Caso dos emails

Uma agressão a um árbitro; reuniões de emergência; ameaças no centro de estágios; um prédio vandalizado, um campeonato 'em risco' e greves desconvocadas. Dos 'emails' ao 'polvo', sem esquecer o Novo Apito Dourado, o clima em torno do futebol português está cada vez mais 'pesado', e não pára de aumentar o número de holofotes apontados aos árbitros. 

Comecemos pelo princípio. A entrada de 2017 ficou marcada por ameaças: na véspera do Dia de Reis. Artur Soares Dias, um dos principais juízes da I Liga, foi 'presenteado' com uma visita 'envenenada' ao centro de estágios dos árbitros, que terminou com ameaças - na altura apontadas a alguns membros alegadamente pertencentes à claque dos Super Dragões -, antes do Paços de Ferreira-FC Porto, partida para a qual tinha sido nomeado. 

Mas se o Dia de Reis não traz boas memórias, a aproximação à Páscoa muito menos. No final do mês de março, no encontro entre o Rio Tinto e Canelas, Marco Gonçalves agrediu o juiz José Rodrigues com uma joelhada, depois de este lhe ter mostrado um cartão vermelho direto.

Das ameaças de greves ao boicote... anulado pela 'esperança'

Os alarmes soaram e a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), por Luciano Gonçalves, ameaçou com uma greve, tendo em conta a onda de agressões e toda a polémica e suspeição que pairava sobre a classe. Greve, essa, que acabou por não ter efeitos práticos, após Fernando Gomes ter apresentado um plano nacional de segurança para os árbitros, mais tarde proposto à Assembleia da República. 

Acreditamos que os agentes e as instituições irão agilizar todas as ferramentas para termos um início de campeonato mais tranquilo

Poucos se devem recordar mas, se puxarmos a cassete atrás, o arranque da temporada 2017/18 esteve em risco. Chegou a equacionar-se um boicote dos árbitros, devido ao clima em torno do futebol português - na sequência dos emails divulgados por Francisco J. Marques que 'aqueceram' o verão. Porém, a esperança de Luciano Gonçalves num "campeonato mais tranquilo" acabou por negar essa mesma possibilidade. 

"Não existe nenhum boicote pré-anunciado pela arbitragem. Acreditamos que todos os agentes e todas as instituições irão, até ao início da época que vem, agilizar todas as ferramentas para termos um início de campeonato mais tranquilo do que o transato", disse, então, o presidente. 

A esperança, reza a sabedoria popular, é a última a morrer, mas a verdade é que menos de um mês depois de ter começado a presente época, o juiz Vasco Santos viu o seu prédio ser vandalizado. Um ato que, à data, mereceu um comunicado oficial por parte do  Conselho de Arbitragem (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), condenando não só o comportamento, como apontando dedos.

"O Conselho de Arbitragem condena o comportamento irresponsável de agentes desportivos em relação aos árbitros e à arbitragem, velho de décadas, é potenciador deste tipo de situações."

Dos emails para os 'apitos', com pedidos de dispensa... 

O ambiente não melhorou. Muito pelo contrário. Para lá do Caso dos Emails também o Benfica veio a público revelar o "Novo Apito Dourado", dando conta de um alegado esquema montado pelo FC Porto para coagir os árbitros. Os encarnados apontaram ainda o dedo aos árbitros Luís e Vítor Ferreira, tal como à AF Braga e AF Porto.

Esta divulgação contribuiu para o clima de instabilidade em torno da arbitragem portuguesa. Nesse sentido, uns dias depois, o Conselho de Arbitragem reuniu-se de emergência com os árbitros, que decidiram entregar pedidos de dispensa para os jogos das categorias profissionais para a jornada do último fim de semana, ameaçando inviabilizar a realização da mesma. 

Uma ameaça de greve (mais uma) que acabou por ser adiada perante algumas exigências por parte dos árbitros: como a realização de reuniões da APAF e de cinco árbitros com o presidente e direção da Liga, de forma a ser criado um corpo "regulamentar que reforce a punição de quem não cumpre as normas éticas e disciplinares a que estão obrigados todos os agentes, tal como sucede, por exemplo, na UEFA".

"Dá-se a coincidência histórica de termos três clubes servidos por gente que gosta deste género de coisas"

O Benfica tem sido o principal foco neste caso dos emails, questionando-se a sua alegada influência do nos resultados dos últimos anos, tal como na validade dos campeonatos conquistados, sem esquecer o condicionalismo dos árbitros. O FC Porto começou a divulgação de uma série de emails e, tal como o Notícias ao Minuto deu conta na última semana, a reação do clube da Luz a estas acusações tem deixado algumas respostas por dar. 

Bruno Costa Carvalho, que concorreu à presidência com Luís Filipe Vieira nas últimas eleições, em declarações ao Desporto ao Minuto, teceu várias críticas à forma como o Benfica tem lidado com toda este caso. 

"O ambiente que se vive é profundamente lamentável e estão a destruir o futebol. Acho que o Benfica desceu ao nível do FC Porto no programa Chama Imensa. Acho que, em primeiro lugar, o Benfica tem de convencer toda a gente que aquilo que o FC Porto tem dito não faz sentido. Têm de tornar bem claro se aqueles emails são verdadeiros ou falsos e defender a honra do Benfica. No segundo lugar, se o Benfica tem alguma coisa para acusar o FC Porto não pode usar os mesmos métodos, tem de entregar as coisas às autoridades competentes", defendeu, aproveitando para apontar ‘culpados’ pelo clima que se vive em torno da arbitragem.

"Vejo esta instabilidade com preocupação. Acho que um dia destes acontece uma desgraça no futebol e depois vêm para a televisão dizer que a culpa é dos outros, quando eles [dirigentes] é que estão a criar este clima. Com estes dirigentes torna-se difícil. Dá-se a coincidência histórica de termos três clubes servidos por gente que gosta deste género de coisas. Quando acontecer alguma coisa, as pessoas têm de ser chamadas à sua responsabilidade", completou. 

Sobre o mesmo tema, neste IV Capítulo:

Da época em risco ao pedido de intervenção do Governo

Entrevista a Pedro Guerra: "Caso dos Emails? Continuo a ser alvo de uma campanha miserável"

Perfil de Pedro Guerra: A face de um mal-entendido que 'mói' o futebol português?

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