O Caso dos Emails levantou, e continua a levantar, muitas questões, mas (ainda) são poucas as consequências práticas relacionadas com o tema. Entre clubes, dirigentes, resultados, árbitros e organismos, apenas dois nomes saíram, até ao momento, oficialmente prejudicados nesta 'guerra'. 

Do TAD à FPF, sem falhar a 'pontaria'

A primeira 'vítima' foi Miguel Lucas Pires. A revista Sábado revelou, no início de novembro, um email onde o árbitro do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) - também professor universitário - pedia ao Benfica uns "bilhetes jeitosos" para o encontro com o Marítimo - à data de abril de 2017.

Na sequência desta divulgação, Lucas Pires decidiu abandonar o TAD, esclarecendo que "este tipo de notícia mina a credibilidade e a imagem de isenção". 

Mas não foi o único. Poucos dias depois, a mesma publicação adiantou que Horácio Piriquito - vogal do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) - partilhou documentos confidenciais do organismo com Pedro Guerra, antes de os mesmos se terem tornado públicos. 

Em resposta, a FPF fez uma denúncia à Polícia Judiciária (PJ) e à Procuradoria-Geral da República de "alegada partilha de documentos internos do organismo com pessoas externas", o que culminou numa 'segunda vítima': Horácio Piriquito. 

O antigo dirigente decidiu deixar o seu cargo, "não porque considere ter praticado algum ilícito", mas por ser, por si considerada, "a forma de melhor defender o prestígio e o bom nome da instituição em causa". 

A "amizade" com Pedro Guerra e os emails 'proibidos' 

Mas quem é afinal Horácio Piriquito? Piriquito, que está a pouco mais de um mês de completar 57 anos -mais concretamente no dia de Natal -, licenciou-se em Gestão e tem dividido o seu percurso profissional entre a área financeira e a área da comunicação, tendo passado por alguns órgãos de comunicação social - sempre ligado a questões económico-financeiras. 

Aliás, entre 1992 e 1995, foi Editor de Economia do semanário "O Independente". Antes disso, passou também, por exemplo, pelo Correio da Manhã, como Editor de Informação Nacional (1985/87). Foi comentador de Economia num programa na Rádio Comercial (1986/89). Na década de 90 tornou-se administrador da mesma estação, administrador da Fortuna do Grupo Media Capital e diretor do "Semanário Económico. Já início dos anos 2000, assumiu a presidência do Conselho da Administração de Fastacess SA, mudando-se, em 2003, para o cargo de Diretor de Comunicação e Imagem Coorporativa da Galpenergia. 

Para além disso, Horácio Piriquito participou paralelamente em alguns programas da TV, como comentador. Tendo sido este o episódio da sua vida profissional em que usou mais da sua 'exposição pública', uma vez que o ex-vogal do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Futebol tinha passado, praticamente, despercebido dos holofotes televisivos até então. 

Trocamos informação muitas vezes e trocámos emails sobre matérias que me interessam.

No entanto, nunca foi negada a troca de emails entre ambas as partes, mas sim o conteúdo e legalidade dos mesmos. Pedro Guerra, em data posterior à demissão de Piriquito, explicou que os emails divulgados estavam relacionados com um tema de conhecimento público. 

"Tenho uma relação com ele há anos e falamos de muita coisa. Trocamos informação muitas vezes e trocámos emails sobre matérias que me interessam. Uma dessas matérias são as contas. Mas essa informação era pública", garantiu o comentador afeto ao Benfica, para fechar o caso.