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Opositores da Guiné Equatorial desiludidos com observadores da CPLP

Os líderes das duas forças partidárias opositoras do Governo de Teodoro Obiang, na Guiné Equatorial, manifestaram-se hoje desiludidos com a falta de críticas dos observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) às eleições de domingo.

Opositores da Guiné Equatorial desiludidos com observadores da CPLP
Notícias ao Minuto

12:42 - 15/11/17 por Lusa

Mundo Eleições

Após as eleições legislativas e autárquicas na Guiné Equatorial, o chefe da missão de observação da CPLP, o ex-ministro cabo-verdiano Jorge Borges, apresentou um relatório preliminar em que não constava qualquer crítica ao processo.

O documento salienta que, "nas mesas visitadas, foi possível constatar que a votação ocorre de forma ordeira e pacífica, em linha com os procedimentos previstos na legislação nacional e com práticas internacionalmente reconhecidas", tendo sido "registada a presença de representantes partidários na generalidade das mesas eleitorais visitadas".

Em resposta, Gabriel Obiang Obono, líder do partido Cidadãos para a Inovação (CI), disse que "esperava mais da CPLP", uma organização que "pensava ser credível e séria", mas não é mais do que "uma dessas coisas que ele compra", referindo-se ao Presidente da República da Guiné Equatorial, no poder desde 1979.

Também Andrés Esono Ondo, líder de um dos dois partidos que compõem a coligação Juntos Podemos, se mostrou desiludido com a posição da CPLP.

"Nem sequer houve uma crítica. Há representantes dos partidos que foram impedidos, há mesas que abriram sem boletins de todos os partidos, houve militares nas mesas de voto a intimidar, há uma coligação que apresenta apenas um símbolo no boletim" (numa referência ao PDGE, no poder) e "não ouvi nada", limitou-se a dizer Esono Ondo.

O CI, de Gabriel Obiang Obono, queixa-se de que parte da missão da CPLP foi recebida pelo secretário-geral do Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), no poder, como foi indicado na televisão pública equato-guineense.

"Queremos ser recebidos, se recebem uns recebem todos", disse Obono.

Na conferência de imprensa de apresentação do relatório preliminar da CPLP, a agência Lusa tentou obter um comentário sobre este caso junto do chefe da missão, mas Jorge Borges não quis responder, limitando-se a dizer que a organização irá apresentar no futuro "recomendações" sobre o processo eleitoral, que constarão do documento final.

Gabriel Obiang Obono disse à agência Lusa que tem "medo quanto ao futuro", depois das eleições de domingo.

A sede de campanha da CI está cheia de apoiantes, disponíveis para "lutar até ao fim" pelo seu líder, que regressou ao país há dois anos para fundar o partido, no quadro do processo de reconciliação nacional, promovido pelo governo para atrair os exilados que contestavam o regime.

Os resultados preliminares das legislativas indicam que o partido não terá sequer 10 mil votos, o número de militantes com ficha que possui.

"Isto é surreal. Fomos roubados e enganados. Isto é tão flagrante que na minha terra, onde vivem 500 pessoas, só tive cinco votos", disse Gabriel Obono.

No dia das eleições, o Presidente da República pediu uma punição dos opositores que atacaram militares na região de Aconibe (terra natal de Gabriel Obono) e responsabilizou o CI pela violência das eleições.

Antes, durante e depois das eleições de 12 de novembro, a televisão estatal e o canal privado, propriedade do filho do presidente, passam várias vezes ao dia imagens de militares feridos nos confrontos.

Gabriel Obono negou as acusações e apresentou também fotos, dizendo que foram os seus militantes que foram atacados, e deu como exemplo da violência sobre o partido as marcas de bala na parede sede de campanha.

Vicente Endong, 27 anos, mostrou à Lusa marcas de um disparo no peito e mostrou documentos em como foi operado por causa de um tiro alegadamente disparado por militares para dentro da sede há ano e meio. "Estava na janela e fui atingido. O regime não está bem e estamos aqui para proteger o Gabriel".

"Estamos prontos para tudo", acrescentou Mitongue, apoiante de Gabriel Obono, que decidiu viver na sede do partido desde as eleições: "Não posso sair porque já não é seguro".

Fora da casa, um jipe da polícia está permanentemente estacionado, mas os portões altos e os muros não deixam perceber o numero de pessoas que lá estão.

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