"Se exagerarem na terapia das famílias, receamos que haja compensação"
O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) pediu esta quarta-feira "bom senso" na elaboração do Orçamento do Estado e lembrou que este é um exercício de equilíbrio entre despesa e receita.
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Economia António Saraiva
António Saraiva afirmou esta quarta-feira que o Orçamento do Estado para 2018 (OE2018) tem de ter uma “razoável carga de bom senso”, de modo que não haja um acentuado desequilíbrio do lado da despesa, “sendo certo que quando se aumenta a despesa tem que se aumentar a receita”.
“Se exagerarem na terapia das famílias, se o IRS for além do que estava inicialmente quantificado, receamos que, do lado da receita, tenha de haver compensação”, disse António Saraiva, quando questionado acerca das cedências do Governo à Esquerda em matéria de IRS.
António Saraiva realçou ainda que o OE é um exercício de “equilíbrio”. “Os bons indicadores macroeconómicos têm de ter sustentabilidade, essa sustentabilidade vem pelo bom senso que se exige às opções”, reforçou.
Quanto às propostas da CIP para o OE2018, 14 no total, António Saraiva destacou uma: uma sinalização da redução do IRC que atualmente se fixa nos 21%. “Era um sinal que se daria à iniciativa privada, às empresas, para as estimular a continuar o bom trabalho que têm feito quer a nível das exportações quer a nível da criação de emprego, como estamos a verificar”, justificou, frisando: “Investimento e exportações são as variáveis chave da economia”.
Contudo, revelou, “em boa verdade, não tem havido grande resposta [do Governo] nessa matéria”. “Reconheço que não tem estado fácil o reconhecimento da redução da taxa do IRC por parte do Governo. Não vamos desistir da mesma, achamos que ela é virtuosa, e por isso mesmo estamos a insistir para que no mínimo, se não for dos 21% para os 19%, que seja dos 20% para os 21%”, firmou o presidente da CIP.
“Sendo o OE uma questão de escolhas é fundamental olhar para as famílias e aliviá-las da carga que o período de austeridade nos forçou a todos nós, mas é fundamental também olhar para a empresas e dar-lhes um sinal de estímulo”, argumentou.
Quanto às garantias da parte do Governo de que não haverá um aumento de impostos para as empresas, António Saraiva explicou que esse tem sido o pedido feito, “que não exista mais carga do que aquela que já existe”. Contudo, essa garantia, fez saber, “não está segura ainda”. “Tem-nos sido dito pelo primeiro-ministro que não vai haver carga de impostos, esperamos que assim se concretize”, disse.
Questionado sobre o clima de confiança da economia, o presidente da CIP sublinhou que este está a “melhorar” e que há “alguma vontade de investimento”, mas que ainda existem alguns entraves ao investimento, nomeadamente fatores externos – “turbulência externa” - como o Brexit e agora a situação da Catalunha. No caso concreto da Catalunha, “receamos que efetivamente esta turbulência possa provocar algum arrefecimento na opção de compras e gestão de encomendas que nos sejam colocadas”, rematou.
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