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Vitória agridoce de Merkel, fantasma da extrema-direita e a tal 'Jamaica'

Resultados das eleições legislativas alemãs trazem mais dúvidas do que certezas. E agora, Alemanha?

Vitória agridoce de Merkel, fantasma da extrema-direita e a tal 'Jamaica'
Notícias ao Minuto

09:02 - 25/09/17 por Pedro Filipe Pina

Mundo Alemanha

Angela Merkel venceu e conseguiu assim o seu quarto mandato. Mas há um inevitável sabor agridoce na vitória para Merkel nas eleições legislativas germânicas, que decorreram no último domingo.

A CDU, partido da chanceler alemã, venceu com 32,9% dos votos mas perdeu eleitores, com uma descida na ordem dos 8,6% quando comparado com os resultados de 2013. Não por acaso, Merkel admitiu no seu discurso de vitória que o resultado não foi "tão bom quanto o esperado".

Agora, Merkel tem negociações difíceis pela frente para saber com quem vai governar. Mas tem também outra desafio pela frente, um que lhe merecerá críticas, incluindo entre os seus aliados. É que a descida de votos da CDU permitiu também, pela primeira vez desde o final da Segunda Guerra Mundial, o regresso da extrema direita ao parlamento.

Quem também se vê em 'maus lençóis' é o SPD, de Martin Schulz. Foi um “dia difícil e amargo", como admitiu o próprio Schulz na noite deste domingo. O SPD ficou em segundo, com 20,5% dos votos, e perdeu mais de 5% dos eleitores em relação aos resultados de há quatro anos. O resultado poderá levar os sociais-democratas para a oposição, deixando assim Merkel sem o parceiro da famosa 'grande coligação'.

A alternativa poderá ser um tributo às cores da bandeira jamaicana (o preto, da CDU, o verde, d’Os Verdes, e o amarelo, dos liberais do FDP). Mas antes desta possível alternativa de governo há uma Alternativa para a Alemanha (AfD) a causar preocupação.

A extrema-direita no Bundestag

O AfD foi o terceiro partido mais votado nestas eleições, com 12,6% dos votos. Os números do Spiegel mostram que a extrema-direita mais do que duplicou a votação nestas eleições em relação aos resultados de 2013.

Na prática, estes resultados representam o regresso da extrema-direita ao parlamento alemão. E mostram também que o descontentamento entre alguns eleitores encontrou acolhimento numa retórica que intimida.

Na Alemanha, tal como tem acontecido noutros países europeus, os partidos históricos do chamado ‘centro’ perderam força nestas eleições. Em alternativa, há subidas à esquerda e à direita.

A subida da extrema-direita em particular não é novidade na Europa dos últimos anos. Mas, tratando-se da Alemanha, o facto de a extrema-direita se sentar agora no Bundestag não deixará de ser tema para os analistas.

Merkel 'jamaicana'?

Ao ter o pior resultado das suas quatro vitórias – e o pior do partido desde 1949 –, a CDU de Merkel irá agora procurar novos apoios para formar governo.

Uma das hipóteses que tem sido apontada na imprensa internacional aponta para um executivo CDU com o apoio de Verdes e o FDP (Partido Democrático Liberal).

O FDP tornou-se a quarta força política nestas eleições, tendo obtido 10,7% dos votos, duplicando assim a sua votação. Já os ecologistas foram a sexta força política, com 8,9% dos votos, pouco abaixo dos 9,2% que o Die Linke conseguiu.

E agora, Alemanha. E agora, Europa?

A Alemanha continuará a ser governada por Angela Merkel. Mas o Bundestag e o executivo e Merkel serão certamente diferentes do que vimos durante os últimos quatro anos. A Europa, que tem tido na Alemanha a maior potência económica e principal impulsionador de muitas políticas, fica agora à espera para saber o que o futuro reserva.

Entretanto, na Alemanha, os resultados da extrema-direita já levaram a protestos em diferentes cidades alemãs, com cartazes e cânticos de acusações de nazismo contra os membros do AfD. De França, por outro lado, chegam as felicitações da líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, pelo "resultado histórico" do AfD.

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