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Economistas divididos quanto à poupança cada vez menor das famílias

Os economistas contactados pela Lusa reconhecem que o facto de a taxa de poupança estar em níveis historicamente mínimos é de "difícil explicação" e poderá ser "um problema", dividindo-se quanto à evolução esperada deste indicador.

Economistas divididos quanto à poupança cada vez menor das famílias
Notícias ao Minuto

09:59 - 21/09/17 por Lusa

Economia Estudo

Nos 12 meses terminados em março, as famílias portuguesas pouparam 3,8% do seu rendimento disponível, o valor mais baixo desde 1999, o ano em que o Instituto Nacional de Estatística (INE) começou a compilar estes dados. Na sexta-feira, o INE atualiza este indicador até junho.

O professor João Borges Assunção, da Universidade Católica, disse à Lusa que "o valor em si já é um pouco estranho e de difícil explicação", mas considerou que é "mais razoável" que haja "uma ligeira subida da taxa de poupança das famílias do que observar uma nova descida".

O académico afirmou mesmo que a queda deste indicador "é um dos puzzles da situação atual" e alertou para que, "se corresponder a um desajustamento entre o rendimento e o consumo das famílias, será um desenvolvimento preocupante".

Por outro lado, o presidente da Informação de Mercados Financeiros (IMF), Filipe Garcia, refere que "não há sinais de alteração da tendência" de redução da poupança das famílias e sublinha que um dos fatores que poderia levar a uma subida deste indicador "nem sequer é bom".

É que, "em períodos de crise ou apreensão quanto ao futuro, a taxa de poupança tende a aumentar", estando agora a economia portuguesa a atravessar uma fase de alguma recuperação tanto económica como de confiança, pelo que "o ideal é tentar trabalhar na outra vertente, que é o aumento sustentado dos níveis de rendimento disponível", defende.

Quanto às justificações para os níveis historicamente mínimos em que está a taxa de poupança, Filipe Garcia aponta um fator de natureza "mais cultural" relacionado com o facto de "não se dar muita importância à poupança".

Além disso, também "a incapacidade de muitas famílias pouparem dado o seu nível salarial, carga fiscal e responsabilidades assumidas, nomeadamente com crédito e arrendamento", e o facto de "as famílias em média ainda não terem o nível de vida que desejam e por isso gastarem o seu dinheiro ou recorrerem a crédito para adquirir os bens e serviços que desejam" poderão explicar os níveis mínimos da poupança dos portugueses.

Sem antecipar qual o comportamento que espera da taxa de poupança no próximo trimestre, o professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) António Afonso referiu que a queda observada "é compreensível com a perceção, por parte dos agentes, de que a economia está a ter crescimentos mais robustos".

No entanto, alerta para que "a redução exagerada da taxa de poupança pode ser um problema, ao retirar também algum do financiamento potencial para decisões de investimento em termos agregados".

Numa comparação com os outros países da União Europeia, Portugal está na cauda: em 2015, o último ano para o qual há dados para a maioria dos países europeus, Portugal teve a sexta taxa de poupança mais baixa (de 4,5%), segundo o Eurostat.

Recordando que, "mesmo a média da taxa de poupança das famílias em Portugal desde 1999 é de 8,4%", um valor que "é inferior ao da generalidade dos países da zona euro", João Borges Assunção considerou que esta diferença "é difícil de explicar".

A possível explicação que apontou para este "comportamento invulgar de poupança das famílias" portuguesas prende-se com "os desenvolvimentos atípicos da economia portuguesa nas quase duas décadas perdidas desde 1999".

Já Filipe Garcia afirmou que, "em média, os países mais pobres, em que o rendimento disponível 'per capita' é menor, têm tendência a poupar menos do que os que são mais ricos".

Para o analista, "é mais fácil para quem tenha rendimentos mais altos (como em média acontece com os alemães e franceses) poder poupar porque já têm um nível de vida ao nível dos bens que detêm ou serviços que adquirem com uma fração menor desse rendimento".

António Afonso, por seu lado, justificou esta diferença, com as particularidades de "subfinanciamento da economia portuguesa" e com os "hábitos distintos entre os vários países da área do euro na forma como os agentes encaram o binómio consumo-poupança".

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