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"Com a meditação, vemos o nosso corpo a equilibrar-se"

Tem 34 anos e medita há 13. Rute Caldeira encontrou na meditação a forma mais eficaz de combater a "falta de saúde", rótulo a que foi associada quando tinha apenas 21 anos. Agora, quer mostrar aos portugueses todos os benefícios desta prática.

"Com a meditação, vemos o nosso corpo a equilibrar-se"
Notícias ao Minuto

08:40 - 21/09/17 por Daniela Costa Teixeira

Lifestyle Rute Caldeira

Meditar: considerar, pensar, refletir, conhecer. Meditar é muito mais do que fechar os olhos e fazer os possíveis e os impossíveis para 'desligar' a mente. Meditar é aprender a respirar, aprender a ouvir o corpo e aprender sobre quem somos.

Para meditar não é preciso ter os olhos fechados, basta estarmos concentrados no momento. O conselho é-nos dado por Rute Caldeira, professora de meditação que viu nesta prática o 'segredo' para encontrar a saúde que lhe faltava.

"Eu estava com uma endometriose de grau IV, ou seja, o mais grave e quando foi detetada a doença disseram-me que não era possível fazer mais nada. Então, comecei a procurar muitas alternativas, isto com 21 anos. Na altura, não tinha uma vida nada saudável, estava sempre sem energia, com muitas dores e acabei por descobrir o mundo da meditação nesta busca por uma qualidade de vida melhor".

O Lifesytle ao Minuto esteve à conversa com a também autora sobre o verdadeiro impacto da meditação na saúde e bem-estar ou falta dele, efeitos nada colaterais que Rute espera dar a conhecer já a 8 de outubro na estreia do Wanderlust 108 em Portugal, um evento de 'triatlo mindful' que luta, um pouco por todo o mundo, por um estilo de vida melhor.

Rute Caldeira vai orientar uma aula de meditação em grupo, momento em que espera proporcionar aos participantes "uma sensação de alegria e de gratidão enorme".

Quando é que a meditação passou a ser uma rotina?

Comecei neste mundo da meditação por uma questão de saúde, ou melhor, por falta de saúde. Passei por uma situação que muitas mulheres enfrentam, a endometriose. Eu estava com uma endometriose de grau IV, ou seja, o mais grave e quando foi detetada a doença disseram-me que não era possível fazer mais nada. Então, comecei a procurar muitas alternativas, isto com 21 anos. Na altura, não tinha uma vida nada saudável, estava sempre sem energia, com muitas dores e acabei por descobrir o mundo da meditação nesta busca por uma qualidade de vida melhor.

Comecei com uma espécie de detox mental e passada uma semana a meditar sempre à mesma hora, passei a ser uma pessoa completamente diferente e fisicamente fiquei com mais energia. Isto é uma das coisas que mais recordo, porque já passou algum tempo. Foi uma grande surpresa perceber que podia viver de outra maneira, sem dores e mais calma. Não era nada calma e uma das grandes transformações foi ter-me tornado mais calma. O meu corpo alterou-se e isso foi uma grande descoberta para mim.

Foi fácil criar uma rotina de meditação assim de uma forma tão repentina?

Vou ser sincera, na altura, precisava de alguma coisa, tinha apenas 21 anos e um relatório médico nada simpático. Tinha de me agarrar a algo e pensei que essa [a meditação] era uma das vias e que faria tudo o que estivesse ao meu alcance.

Na altura, fazia uma coisa, que ainda hoje gosto de fazer, que era ir de manhãzinha, ainda sem tomar o pequeno-almoço, para o jardim de casa dos meus pais. Caminhava descalça, preparava-me para ficar calma e meditava. Portanto, acabou por ser fácil, mais até do que eu pensei, porque depois passou a ser um momento meu, em que ia procurar tranquilidade.

A Rute descobriu a meditação por uma questão de saúde, mas os benefícios vão além disso, certo?

Os benefícios da meditação são muitos. Um deles é a capacidade de reduzir a amplitude das nossas ondas cerebrais, o que, por consequência, nos leva a ser pessoas mais centradas e calmas, o que ajuda também a nível de memória. Como a partir da meditação trabalhamos muito a respiração, levamos níveis de oxigénio ao cérebro que precisamos para sermos, lá está, mais calmos.

A nível físico há uma regulação das hormonas e isso é ótimo, porque deixamos de sentir ansiedade, ataques de pânico. Fisicamente vemos o nosso corpo a equilibrar-se, pois aumentamos o nosso sistema imunitário, começamos a sentir mais energia e a sermos mais saudáveis.

Funciona, então, como uma espécie de escudo protetor...

Costumo dizer que a meditação é o nosso medicamento milagroso para a nossa mente e para o nosso corpo.

A meditação também traz benefícios para os mais novos, mas é fácil incutir-lhes este hábito?

Temos um projeto muito giro em Portugal, o livro 'O Pequeno Buda' de Tomás de Mello Breyner que está aí pelas escolas fora a criar este hábito de meditação nas crianças.

Fala-se muito de hiperatividade nas crianças e a meditação é ótima para combater esse tipo de quadro. Um dos problemas nos dias de hoje é que as crianças têm um acesso à televisão que não tínhamos no nosso tempo e isso traz aquilo que é a síndrome do pensamento acelerado. Embora as pessoas pareçam muito impávidas e serenas em frente à televisão, o que está a acontecer a nível mental é uma amplitude muito, muito grande das nossas ondas cerebrais, porque há em milésimos de segundos muita informação a entrar.

A partir da meditação conseguimos aumentar a concentração das crianças, reduzimos a atividade mental. As crianças ficam mais calmas e também mais amorosas.

Nos adultos, a meditação traz uma maior consciência da pessoa sobre si mesma. Isso também acontece com as crianças?

Acredito que a meditação deveria começar desde cedo, porque, como dizia, a meditação torna-nos muito mais amorosos, porque ficamos mais calmos. Relativamente às crianças, nos Estados Unidos praticamente todas as escolas têm meditação e o que se está a verificar é uma redução do bullying, as crianças deixam de se agredir porque a consciência passa a ser outra. Ficam mais conscientes delas e dos outros.

Existe muito a ideia de que meditar é o mesmo que desligar a mente. É fácil conseguirmos concentrarmos-nos apenas no momento da meditação?

É mais fácil do que pode parecer. Existe muito ceticismo à volta da meditação, mas precisamos apenas de ter as ferramentas certas e, para isso, é fundamental aprender a respirar. Se as pessoas tiverem técnicas específicas de respiração, passa, então, a ser possível a pessoa regularizar-se na parte mental e conseguir ficar atenta ao momento presente e a si própria. A meditação é simples se soubermos aplicar as ferramentas certas para ficar nesse estado de meditação, que não é preciso ser num jardim, pode ser num carro, não a conduzir, mas a pessoa pode ir a conduzir, a respirar e a concentrar-se em si própria. Para meditar não é preciso ter os olhos fechados.

Essas técnicas de respiração podem ser aprendidas dando apenas ouvidos ao nosso corpo ou é necessário recorrer sempre à ajuda profissional?

É sempre bom procurar alguma orientação quando se inicia. Embora a respiração seja algo que faz parte de nós,  na maior parte das vezes as pessoas não o sabem fazer, têm apenas respirações superficiais. O ideal, é procurar orientação.

Hoje em dia, e felizmente, temos muitos vídeos na internet onde podemos encontrar orientações, mas é aconselhável aprender. Depois será muito mais fácil.

A meditação passa também a ideia de um ato solitário, muito nosso, mas a Rute vai protagonizar uma sessão de meditação conjunta. É possível fazer da meditação um hábito de pares?

É excelente fazermos a meditação sozinhos, mas a meditação em grupo é sempre um momento muito especial e bonito, porque, embora percebamos que existem muitas pessoas à nossa volta, naquele momento não deixamos de estar connosco e conscientes de nós próprios. Mas essa consciência também nos leva a perceber que as pessoas ao nosso redor são seres humanos como nós, que têm os mesmos desafios, por isso deixamos de ter um olhar crítico sobre os outros, passamos a ser muito mais compassivos. A meditação em grupo permite-nos ter esse olhar amoroso com os outros e estou desejosa de levar esse momento de compaixão e amor para o Wanderlust, porque vai ser um momento especial.

Que expectativas tem para o Wanderlust?

Desejo muito passar às pessoas uma coisa maravilhosa que obtemos a partir da meditação, que é a alegria que não é baseada em coisas, é uma alegria que vem de dentro. Aquilo que realmente desejo é que as pessoas terminem a meditação com uma sensação de alegria e de gratidão enorme. Vai ser um momento especial por estarmos tantos lá.

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