Editora Cotovia apresenta 'Um amor feliz' do alemão Hubert Fichte
A editora Cotovia vai lançar 'Um amor feliz', do escritor alemão Hubert Fichte, um romance cuja história se passa em Portugal de 1964, sob a ditadura, que faz parte de um projeto literário maior, intitulado 'História da Sensibilidade'.
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O lançamento do livro, na sexta-feira, será acompanhado de outros eventos associados, como a projeção de quatro foto-filmes da autoria de Hubert Fichte e Leonore Mau, e a inauguração, no dia seguinte, da exposição "Mistake! Mistake! Said the rooster...and stepped Down from the duck", dos artistas plásticos Gabriel Barbi, Ramiro Guerreiro, Ana Jotta, Euridice Kala e Simon Thompson.
A exposição vai estar patente no espaço Lumiar Cité, em Lisboa, até 05 de novembro.
Este conjunto de eventos integra-se no projeto internacional 'Hubert Fichte: amor e etnologia', apoiado e cofinanciado em Portugal pelo Goethe-Institut, que traça uma parte da viagem literária do autor.
"Na base deste projeto de vários anos está a tradução de um conjunto de romances e textos de Fichte para a língua dos lugares de que os livros tratam, nomeadamente o português", explica a editora.
É o caso de 'Um amor feliz', passado em Portugal e traduzido para português pelo dramaturgo José Maria Vieira Mendes, que conta a viagem de Jäcki e Irma, em 1964, pelo país, governado por um ditador, alheio às tecnologias industriais da época.
Ao longo da obra, Jäcki e Irma exploram sobretudo Sesimbra, Lisboa e depois o norte, a caminho de Espanha.
A história baseia-se numa estadia de vários meses de Hubert Fichte e da sua acompanhante Leonore Mau, em Sesimbra, naquele ano.
'Um amor feliz' é o quarto volume do projeto literário 'História da Sensibilidade', inacabado devido à morte prematura do autor, aos 50 anos, no qual se encontra "uma prosa autobiográfica experimental, praticada ao longo de uma vida, associada a uma tentativa de repensar as ciências do homem sob a pressão do holocausto, da bomba atómica, do colonialismo e da fome global", explica a editora.
O empreendimento de Fichte consiste também numa viagem nunca finalizada à volta do mundo e justificou a criação do projeto 'Hubert Fichte: amor e etnologia'.
A apresentação do livro decorrerá na livraria Linha de Sombra, na Cinemateca Portuguesa, na sexta-feira, numa sessão com os investigadores Diedrich Diederichsen e Manuela Ribeiro Sanches, moderada por Jürgen Bock, da associação Maumaus.
"Hubert Fichte (1935-1986) é um autor de culto das letras alemãs do pós-guerra, viajante, ator e escritor, que pretendia contrapor um regionalismo a uma literatura mundial, fazendo uma série de investigações 'etnopoéticas', que percorrem as fronteiras de diferentes culturas e subculturas e que resultam numa poética radical em que o narrado se mistura com glosas, polémicas, entrevistas e estudos etnográficos", descreve a editora.
A sua obra é considerada uma fonte de inspiração para novas disciplinas, como os Estudos Queer ou os Estudos Pós-coloniais, em que a crítica económica, a (homo)sexualidade e a auto-reflexão se tornam ferramentas metódicas.
Entre as obras mais importantes de Hubert Fichte contam-se 'O Orfanato' (1964), 'A Palette' (1968), 'Ensaio sobre a puberdade' (1974) e os relatos de viagem 'etnopoéticos' 'Xangô' (1976) e 'Salsa' (1980).
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