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Centenas de consumidores dizem ter sido burlados pela Audilar

A Deco já recebeu cerca de 370 queixas de consumidores que afirmam ter comprado, sobretudo, eletrodomésticos, não tendo ainda recebido qualquer informação por parte da empresa. Situações, em muitos casos, que se arrastam há vários meses. Empresas do grupo Karim Sacoor, Lda, ao qual pertence a Audilar, estão incontactáveis há vários dias e a Deco pondera avançar com queixa formal na ASAE.

Centenas de consumidores dizem ter sido burlados pela Audilar
Notícias ao Minuto

14:55 - 19/09/17 por Pedro Bastos Reis

País Karim Sacoor

Centenas de consumidores queixam-se de terem sido lesados pela loja Audilar, uma empresa de venda e instalação de eletrodomésticos, som, imagem e artigos para o lar. Segundo a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), há registo de pelo menos 370 reclamações.

As queixas começaram a surgir no passado mês de maio, sendo que se intensificaram sobretudo na última semana. Vários consumidores têm manifestado a sua revolta, afirmando que não receberam os bens pelos quais pagaram nem conseguiram obter qualquer reembolso ou justificação por parte da empresa.

“As queixas estão maioritariamente relacionadas com as compras feitas na plataforma online da Audilar. [Os consumidores] queixam-se de terem feito a encomenda e o pagamento do valor dos bens e de não os terem recebido. Depois de reclamarem, não recebiam resposta e ficavam numa situação de lesados, porque ficavam sem os bens e não havia lugar ao reembolso do valor”, afirma ao Notícias ao Minuto a jurista da Deco Paula Martins.

No entanto, apesar de a maioria das queixas estar relacionada com casos de encomendas efetuadas online, as reclamações não ficam por aqui. Há ainda registo de várias pessoas que chegaram mesmo a fazer as compras presencialmente em lojas Audilar, efetuando o pagamento no momento, mas que nunca chegaram a receber o produto pelo qual pagaram.

Além disso, as denúncias não dizem apenas respeito à Audilar. A Express Electronics, uma empresa que vende produtos semelhantes, também tem sido alvo de várias denúncias.

O que é que estas duas empresas têm em comum? Ambas pertencem ao grupo Karim Sacoor, Lda. Outro ponto que partilham é que estão incontactáveis e os respetivos sites estão em baixo.

A Deco confirma que “tem conhecimento de que a nível concreto existem outras situações que estão relacionadas com as empresas do grupo [Karim Sacoor, Lda]”, apesar de as cerca de 370 queixas – número que tem aumentado significativamente – estarem relacionadas com compras online feitas através do site da Audilar.

Elevado número de reclamações poderá levar a queixa na ASAE

Muitas das denúncias efetuadas encontram-se online, quer no site da Deco, quer no Portal da Queixa, pelo que o número certo de queixas tenderá sempre a ser superior ao referido pela Deco, número este que corresponde ao balanço efetuado na semana passada.

Um dos lesados queixa-se de ter despendido 186,40 euros por uma placa de fogão, no passado dia 9 de agosto, sendo que até hoje não recebeu a encomenda nem qualquer resposta da Audilar, mesmo depois de ter tentado o contacto. Outro, reclama que pagou 507,86 euros por um lava-loiça e uma placa de fogão, pagamento feito no passado mês de julho. Até hoje, não obteve qualquer resposta.

Segundo a Deco, não há propriamente um valor médio no que diz respeito ao montante reivindicado pelos lesados, uma vez que muitos consumidores apenas fizeram encomendas pontuais, ao passo que outros fizeram compras de elevados montantes.

Perante o número cada vez maior de denúncias, a Deco afirma estar preocupada com “esta situação de incumprimento e de lesão dos consumidores”, pelo que já notificou a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e pondera mesmo avançar com uma queixa formal nos próximos dias, caso não haja resposta do grupo Karim Sacoor, lda.

“Iniciámos os nossos processos de mediação, em que entrámos em contacto com a Audilar, dando conhecimento das reclamações que recebemos. Neste momento, estamos a aguardar resposta”, afirma Paula Martins. “Estamos a verificar um aumento deste número, pelo que, a manter-se esta situação, iremos fazer uma denúncia formal à ASAE”, reitera.

Sites em baixo, empresas incontactáveis

Durante o dia, o Notícias ao Minuto tentou entrar em contacto, via telefone, várias vezes com as empresas do grupo Karim Sacoor, no entanto, nunca obteve qualquer resposta. Por seu lado, o contacto online também se revela impossível, uma vez que nenhum dos sites do grupo está a funcionar.

No caso da Express Electronics, quando abrimos o site surge a informação de que um dos sócios da empresa morreu, sendo esse o motivo apresentado para o não funcionamento do site, com a garantia de que as encomendas serão regularizadas brevemente. “Por motivo de falecimento de um dos sócios, o site Express Electronics encontra-se encerrado durante alguns dias. Todas as encomendas serão regularizadas com a maior brevidade possível”, lê-se.

Contudo, esta justificação parece insuficiente, e muitos consumidores, que afirmam ter sido lesados, têm-se deslocado, nos últimos dias, às lojas físicas do grupo, na esperança de reaverem os bens pelos quais pagaram ou, pelo menos, de receberem o devido reembolso.

Na rede social Facebook foi mesmo criado um grupo destinado aos “burlados” da Audilard. Os relatos dão conta de vários consumidores que se deslocaram à loja física da empresa na Avenida da Igreja, em Lisboa, e que encontraram as portas fechadas. Outros, foram até ao armazéns, localizados em Santa Iria de Azoia, no concelho de Loures, mas grande parte também não conseguiu qualquer resposta para a sua situação.

Contactado pelo Notícias ao Minuto, o administrador deste grupo demonstra a intenção de apresentar, ainda hoje, queixa no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto. "Estou neste momento a juntar toda a informação para apresentar queixa no DIAP", concretiza. 

A dificuldade em contactar as empresas do grupo gera particular apreensão na Deco, que já iniciou o processo de mediação com a Audilar, ainda sem resposta. A associação tentou ainda contactos paralelos com a empresa, sendo que um pedido de reunião foi enviado, por carta, na semana passada.

"Também fizemos uma tentativa paralela de entrar em contacto com os representantes da empresa para podermos dar nota presencialmente das reclamações, tentar perceber qual é a postura dos representantes da empresa e de que forma seria possível darmos uma resposta conveniente às reclamações dos consumidores”, indica Paula Martins.

Enquanto a situação se mantém num impasse, a Deco apela a que os lesados continuem a dirigir-se à loja física e a solicitarem o livro de reclamações, de forma a apresentarem queixa. Outra solução será uma exposição escrita, através de uma carta registada com aviso de receção. Após estes procedimentos, depois de um curto período de espera, a associação pede que os consumidores se dirijam à Deco para que seja iniciado o processo de mediação.

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