Acordo de segurança marca nova fase de cooperação entre Cabo Verde e EUA
A líder da oposição cabo-verdiana considerou hoje que o acordo de segurança (SOFA), que será assinado na próxima semana em Washington, marca uma nova fase na cooperação com os Estados Unidos, mas ressaltou que existem "pontos sensíveis".
© Lusa
Mundo PAICV
A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, na oposição), Janira Hopffer Almada, foi recebida hoje pelo primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva para abordar o Status Of Forces Agreement (SOFA), que será assinado a 24 de setembro em Washington, no âmbito da visita do chefe do Governo cabo-verdiano àquele país.
À saída do encontro, em declarações aos jornalistas, Janira Hopffer Almada congratulou-se com a assinatura do acordo, lembrando que em larga medida foi negociado pelo anterior Governo do PAICV.
"Foi um processo negocial longo e que marcará uma nova fase no relacionamento e na cooperação bilateral com os Estados Unidos", disse, felicitando o Executivo "por ter dado continuidade ao acordo" que "foi negociado quase na totalidade pelo Governo anterior".
Admitiu que durante o processo existiram "pontos mais sensíveis e de dificuldade na negociação", nomeadamente o estatuto, os privilégios e as isenções dos norte-americanos em Cabo Verde e a renuncia de Cabo Verde à jurisdição penal sobre eventuais crimes de militares dos Estados Unidos.
"São pontos essenciais que teremos oportunidade de analisar e conhecer a fundo como foram tratados esses dois pontos", adiantou, assinalando que o acordo terá que ser discutido no Parlamento.
A líder da oposição em Cabo Verde afirmou que, durante o encontro, o primeiro-ministro não facultou informações detalhadas sobre o que ficou acordado nestas matérias, nem sobre a forma de operacionalização do acordo.
"Só tendo conhecimento completo e aprofundado é que poderemos ter uma posição definitiva sobre o acordo", disse, lembrando a necessidade de respeito pelos limites constitucionais.
Segundo Janira Hopffer Almada, o acordo permitirá a Cabo Verde "contribuir mais e melhor para a estabilidade e a paz internacionais e fazer face aos desafios que tem a ver com a criminalidade transnacional organizada".
Por seu lado, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, sublinhou, através da sua página na rede social Facebook, a importância do acordo que define o estatuto dos soldados norte-americanos em território cabo-verdiano.
"É muito importante para Cabo Verde, tendo em conta a garantia de melhores condições de defesa e de segurança para o país, nomeadamente contra todo o tipo de tráfico, como drogas, pessoas, pesca ilegal, e outros, que acontecem na nossa sub-região. É um grande ganho para o país e para os cabo-verdianos", disse.
"No entanto, importa assegurar que este acordo não implica a instalação de uma base norte-americana no país, até porque a Constituição cabo-verdiana não o permite", reafirmou.
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