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Cinco anos, cinco temas. Austeridade, quedas de bancos e a recuperação

Ao longo dos últimos cinco anos, os mesmos que o Notícias ao Minuto hoje completa, a economia portuguesa passou por uma das épocas mais difíceis da história democrática: No entanto, a luz ao fundo do túnel parece estar cada vez mais próxima.

Cinco anos, cinco temas. Austeridade, quedas de bancos e a recuperação
Notícias ao Minuto

08:43 - 12/08/17 por Bruno Mourão

Economia Especial

Quando o Lehman Brothers caiu, a crise começou a apertar e o drama do 'subprime' trouxe a Grande Recessão. Com uma dívida crescente e défices descontrolados, Portugal era uma das economias mais instáveis do mundo e um dos grandes alvos da ira na Europa. 

Depois da queda da República da Irlanda, da Grécia e da banca islandesa, José Sócrates não conseguiu escapar ao inevitável e anunciou em 2011 que o resgate externo era a única solução para evitar a bancarrota. 

Um ano depois, em 2012, o panorama era dramático. 

Para celebrar os cinco anos do Notícias ao Minuto, juntámos os cinco momentos chave da economia nacional, de 2012 a 2017, que marcaram a vida dos portugueses e também do nosso site.

O auge da austeridade com um governo que prometeu ir além da troika 

Após o pedido de resgate feito por José Sócrates e Teixeira dos Santos, as eleições ditaram que seria Passos Coelho a assumir a liderança de um novo governo de direita, apoiado numa coligação com o CDS-PP. Em 2012 e 2013, entre polémicas e muitos protestos, Portugal viveu o auge da austeridade, implementada através de cortes nas pensões, reformas laborais para facilitar os despedimentos e flexibilizar o mercado de trabalho, aumento dos horários, congelamento de salários e das progressões de carreira na Função Pública, cortes nas empresas do Estado e o novo IRS anunciado a viva voz pelo ministro das Finanças de então, Vítor Gaspar.

"É um enorme aumento de impostos" - Vítor Gaspar, a 3 de outubro de 2012

Infelizmente para os portugueses, a intenção de diminuir drasticamente o défice nunca se transformou nos resultados esperados e, apesar de enormes sacrifícios, Portugal demorou vários anos para voltar ao crescimento, o desemprego bateu máximos históricos e a dívida pública continuou a crescer teimosamente. 

Adeus resgate. Agora queremos uma saída 'limpa' 

Três anos passaram, com inúmeros cortes e sacrifícios e uma "irrevogável" demissão... que acabou por ser revogada. O relógio com contagem decrescente montado em Lisboa chegou finalmente a zero no dia 17 de maio de 2014 e Portugal viu-se livre do constante acompanhamento e orientação do FMI, BCE e Comissão Europeia, ainda que se mantenham as missões ocasionais de avaliação. Contas feitas, a austeridade deixou muitas cicatrizes financeiras e sociais, mas a recuperação foi iniciada e muitas heranças ficaram, com a lei das rendas e os vistos gold a surgirem como as grandes marcas de um futuro diferente. O governo de coligação do PSD e CDS-PP cantou vitória, mas ainda antes das fatídicas eleições, havia problemas sérios para resolver. As Finanças lideradas por Maria Luís Albuquerque e o Banco de Portugal do polémico Carlos Costa lançaram a 'bomba' em agosto. 

Cai o Dono Disto Tudo, nascem os lesados e uma televisão ajuda a 'matar' mais um banco 

Os sinais não eram novos, mas o rasto de destruição tornou-se impossível de esconder. Quando o BES explodiu, todo o império de Ricardo Salgado e da restante família caiu sem esperança de recuperação, expondo uma teia de influências e ligações perigosas que ainda hoje está a ser investigada.

"A resolução não terá qualquer custo para o erário público, nem para os contribuintes" - Carlos Costa, a 3 de agosto de 2014Carlos Costa falou ao país e anunciou que o maior banco privado que Portugal alguma vez viu ia desaparecer, com uma divisão seletiva dos ativos entre um 'banco mau' e um Novo Banco de todas as esperanças. Nasceu então o movimento dos lesados, clientes que perderam milhares ou milhões de euros em produtos financeiros vendidos com bases alegadamente enganosas, e que o governo recusou assumir como responsabilidade até este ano.

Infelizmente, o movimento de lesados ganhou mais membros quando o Banif seguiu o exemplo do BES e foi salvo da falência pelo Banco de Portugal. Desta vez, a TVI surgiu como a fonte de uma notícia que dava conta dos preparativos para o encerramento do Banif, causando, no dia 13 de dezembro, um movimento de corrida aos depósitos que fez desaparecer mil milhões de euros dos cofres do Banif. O diretor de informação do canal rejeitou responsabilidades no processo, mas acabou por reconhecer um erro que poderá ter sido crucial para a queda do banco. A 20 de dezembro, o Santander Totta ganhou a corrida e comprou os ativos positivos do Banco Internacional do Funchal, deixando tudo o resto nas mãos da recém-criada Oitante e criando perdas de dois mil milhões de euros para os cofres do Estado. Felizmente, a economia portuguesa viria a mostrar que a vulnerabilidade da banca não é suficiente para condenar o país a novos sacrifícios. 

As eleições loucas, o 'golpe de asa' de António Costa e o professor que fez História 

Na segunda metade de 2015, a política portuguesa 'pegou fogo'. Infelizmente para os socialistas, a coligação PSD/CDS-PP, sob o mote Portugal à Frente, conseguiu roubar o protagonismo e conquistou uma improvável vitória nas legislativas, apesar da subida da Esquerda à boleia do Bloco de Esquerda, obrigando Costa a encontrar uma solução inédita para governar com a bênção do Presidente Cavaco Silva. Ainda antes do final de 2015, o 'golpe de asa' transformou-se no entendimento apelidado por Vasco Pulido Valente e Paulo Portas como a 'Geringonça', e a política económica da alternativa à Esquerda começou a ser implementada por um professor reputado lá fora, mas desconhecido da maior parte dos portugueses.

"O acordo de Esquerda não é bem um governo, é uma geringonça" - Paulo Portas, a 10 de novembro de 2015Na mala, Mário Centeno trazia promessas ambiciosas e uma estratégia baseada na devolução dos rendimentos e no crescimento económico para recuperar uma economia ainda a mostrar os derradeiros sinais da austeridade. Apesar de o caminho ter sido diferente do esperado, com um aumento dos impostos indiretos que fez levantar acusações de hipocrisia vindas da Direita, fica na História a conquista inédita na democracia: um défice de 'apenas 2% do PIB. Na primeira divulgação de dados, Miguel Cadilhe reclamou o mérito de ter conseguido o mesmo resultado, mas a revisão do INE após ser detetado um erro "com impacto significativo na necessidade de financiamento das administrações públicas" eliminou qualquer dúvida e juntou o défice a uma lista crescente de feitos. 

Lisboa e Porto na moda e recuperação em todo o lado. Até Schäuble se rende ao bom aluno 

Além do défice historicamente baixo, a economia portuguesa dá sinais de recuperação a cada 'esquina': o pessimismo de FMI e OCDE foi contrariado e a economia acabou 2016 a crescer 1,4%, prometendo mais este ano; o desemprego continuou a queda e chegou ao fim do primeiro semestre deste ano em valores que já não se viam desde o início da crise mundial; o turismo bateu todos os recordes e promete mais, com ajuda de duas cidades únicas que estão na moda e recebem mais atenção a cada dia: Lisboa e Porto; as exportações e as importações crescem a olhos vistos, ainda que as compras feitas ao exterior estejam a desequilibrar novamente a balança comercial; no setor tecnológico, o empreendedorismo também passou a estar na moda e com ajuda da Web Summit, que se estreou no final de 2016, nasceu uma nova geração de talentosos empresários com ideias inovadoras que colocam Portugal no mapa económico internacional. Lá fora, até os maiores críticos da alternativa à Esquerda mudaram de ideias e esqueceram os pedidos de um novo resgate, feitos pouco depois da ascensão de António Costa à liderança do Governo."É evidente que não fecho a porta ao Eurogrupo" - Mário Centeno, a 30 de maio de 2017Em Mário Centeno, o Eurogrupo vê agora um possível líder e até Wolfgang Schäuble, temível líder das finanças alemãs e notável crítico de Portugal, se rendeu: "Mário Centeno é o Cristiano Ronaldo do Eurogrupo".

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