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De Abrantes a Gibraltar. A ajuda que chegou a Pedrógão de bicicleta

Amigos percorreram 555 quilómetros de bicicleta e venderam cada quilómetro por 10 euros. Valor angariado foi entregue a 30 de julho.

De Abrantes a Gibraltar. A ajuda que chegou a Pedrógão de bicicleta
Notícias ao Minuto

08:14 - 06/08/17 por Andrea Pinto

País Solidariedade

Foi a 17 de junho que Portugal foi palco de um dos mais devastadores incêndios de sempre. Na zona de Pedrógão Grande deflagraram as chamas que durante vários dias deixaram em pânico os moradores daquela zona. No final, morreram 64 pessoas e um país inteiro uniu-se para ajudar as famílias vítimas da tragédia.

De Abrantes a ajuda veio de… bicicleta. A iniciativa partiu de “dois grandes amigos”, Daniel Simões e Nuno Gomes, que foram “à conquista de Gibraltar, em nome de muitos outros, com o coração em Pedrógão”. Tudo isto, saliente-se, em apenas 24 horas. 

“Não há rosto para atribuir a quem conseguiu este êxito. Pedrógão sofreu, e com isso criou uma força invulgar que deu origem ao que estamos a assistir e que nos toca a todos. Só tenho a agradecer-vos, e dizer: je suis Pedrógão”, escreveram os dois corajosos na página de Facebook 'Pedalar por Pedrógão', onde foram partilhando as imagens da sua aventura.

A viagem não terá sido fácil, mas como os próprios afirmam: “O que é da vida sem desafios?”.

Souberam da tragédia durante um percurso de bicicleta e decidiram agir

A ideia de ir até Gibraltar, explica-nos Nuno, já não era nova, contudo ganhou uma dimensão solidária quando os dois pedalavam, numa outra aventura, de Vila Real de Santo António para Abrantes “e simultaneamente deflagraram os incêndios em Pedrogão”.

“As notícias que nos iam chegando à medida que íamos pedalando marcaram-nos profundamente e ficou imediata e unanimemente escolhida a causa solidária associada”, conta, explicando-nos em seguida que a viagem foi preparada de uma forma “mais detalhada e cuidada” e que num carro de apoio contavam com a presença de vários amigos.

E porquê de bicicleta? E em apenas um dia? “De carro era vulgar e a correr não chegávamos lá... A bicicleta permite fazer longas viagens num só dia […] Escolhemos ir de Abrantes a Gibraltar num só dia porque era praticamente impossível e passaríamos por três países: "1 dia, 2 ciclistas, 3 países", atira.

Ajuda veio de todos os lados

Ao longo de todo o projeto, que começou bem antes de os dois terem começado a pedalar, muitos foram os que se juntaram a eles e de alguma forma tentaram ajudar nesta missão que outros tantos consideram ser a prova da força destes dois amigos. Desde meros populares a pessoas conhecidas do grande público, vários foram os que deram um passo em frente e não perderam a oportunidade de comprar o seu quilómetro. O ator Nuno Janeiro, por exemplo, comprou o quilómetro 169.

Nem tudo foi fácil, contudo, e apesar da sua já "experiência acumulada", Nuno e Daniel tiveram sempre um receio: “A questão que nos mantinha em dúvida era se conseguiríamos fazê-lo em 24 horas. Essa era também a grande dúvida entre amigos e conhecidos. Estávamos preparados para todas as dificuldades que fomos encontrando. Quando surgiu o calor e simultaneamente a nossa maior quebra física, sabíamos que era temporário, havia que ter paciência e pedalar sem causar grandes danos físicos. Mais tarde, com o arrefecimento noturno, as forças voltariam e então voltaríamos à velocidade necessária para cumprir a meta estipulada".

E cumpriram. Os dois amigos concluíram a aventura de forma bem sucedida e no regresso trouxeram no bolso 11.100 euros. Os dois ciclistas amealharam 5.550 euros cada, depois de terem vendido cada um dos 555 quilómetros percorridos por 10 euros.

Novamente de bicicleta, mas desta vez na companhia de elementos dos grupos Tenrinhos da Bicla e do Cabeço das Águias, Nuno e Daniel partiram rumo a Pedrógão Grande, onde os aguardava o adjunto do Presidente da Câmara Municipal local, para receber o cheque simbólico.

Para além deste valor, a iniciativa conseguiu, ainda, juntar mais 720 euros com a venda de jerseys de ciclismo. Esse valor foi entregue aos Bombeiros de Abrantes.

“Toda a dor valeu a pena e porque nunca estivemos sós. As forças que íamos sentindo não eram só as nossas, havia alí muita energia positiva”, revela Nuno, lembrando o momento em que a emoção tomou conta de todos na chegada a Gibraltar.

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