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Pedrógão: Preocupação com limpeza e pontos de água nos concelhos vizinhos

Um mês depois dos incêndios de Pedrógão Grande e Góis, aumentou a consciência das populações dos concelhos vizinhos em torno da necessidade de áreas de proteção e pontos de água, dizem os municípios.

Pedrógão: Preocupação com limpeza e pontos de água nos concelhos vizinhos
Notícias ao Minuto

10:57 - 16/07/17 por Lusa

País Incêndios

Os alertas sobre terrenos por limpar e incumprimentos de zonas de proteção em torno de povoações, bem como pedidos de pontos de água junto às aldeias, têm aumentado nos concelhos vizinhos da zona afetada.

Por Proença-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, o município aproveitou a "maior sensibilidade" para a questão dos incêndios e promoveu já "ações de sensibilização para o cuidado com a limpeza junto a povoações", após os incêndios que deflagraram em Pedrógão Grande (distrito de Leiria) e Góis (distrito de Coimbra) a 17 de junho e que demoraram uma semana a ser extintos, disse à agência Lusa o presidente do município, João Lobo.

"A tragédia fez suscitar uma nova consciência", constatou, frisando que as ações agora desenvolvidas tiveram muito mais afluência do que as que a câmara já tinha feito no passado.

"Nota-se e de que maneira um empenho das pessoas na limpeza dos terrenos junto das habitações. Estão mais atentas a essas questões", afirmou à agência Lusa o presidente do município de Miranda do Corvo (Coimbra), referindo que a autarquia tem feito "um grande investimento na proteção civil", seja na criação de novos pontos de água ou nos arranjos de caminhos florestais.

Segundo o presidente da Câmara de Oleiros, Fernando Jorge, também no seu concelho, no distrito de Castelo Branco, "as pessoas ficaram mais atentas" e registaram-se "muitas participações de munícipes a denunciar situações de incumprimento perto das suas habitações".

Esses sinais de preocupação por parte das pessoas são fundamentais para uma real mudança, notou, frisando que as pessoas também têm de estar "disponíveis para se associarem e constituírem zonas de intervenção florestal" ou associações de produtores florestais que garantam uma melhor gestão do território.

Segundo a presidente da Câmara de Alvaiázere (Leiria), Célia Marques, os municípios vizinhos da zona afetada "já estavam atentos" às questões relacionadas com a floresta, promovendo ações de sensibilização.

No entanto, face à dimensão e à devastação do fogo que deflagrou em Pedrógão Grande (64 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas), as pessoas estão "muitíssimo mais despertas": "Isso é muito evidente e, por parte das câmaras, também há uma preocupação redobrada. É indiscutível".

Perto da zona afetada, está situada a Serra de Sicó, área da região Centro protegida pela Rede Natura 2000, mas onde se continua a registar "uma cada vez maior presença" de eucaliptos, seja dentro da zona protegida ou fora dela, alerta o presidente do Grupo Proteção Sicó (GPS), Hugo Neves.

"Não há fiscalização como deve ser e há cada vez menos pessoas a querer trabalhar a terra", notou, Hugo Neves, considerando que, por vezes, "é muito difícil identificar o proprietário".

Sérgio Medeiros, também do GPS, realça que a plantação desta espécie exótica se acentuou com a crise económica que afetou o país. Além do aumento da cultura de eucalipto na Serra de Sicó - visível também um pouco por toda a região do Pinhal Interior - nota-se o abandono da pastorícia, que tem levado ao incremento de mato na área.

A situação torna-se preocupante por poder ameaçar, em caso de incêndio, a maior mancha de carvalho cerquinho da Europa, situada na Serra de Sicó.

"Quando houver um incêndio naquela mancha, aquilo arde pela quantidade de combustível lá presente", alertou Sérgio Medeiros, defendendo a criação de rebanhos comunitários, dinamizados pelas juntas de freguesia, e a aposta em espécies autóctones.

Os fogos florestais que deflagraram em Pedrógão Grande e Góis a 17 de junho terão afetado aproximadamente 500 imóveis, 205 dos quais casas de primeira habitação.

Os prejuízos diretos dos incêndios ascendem a 193,3 milhões de euros, estimando-se em 303,5 milhões o investimento em medidas de prevenção e relançamento da economia.

Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta.

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