"A minha família era perfeita e a Igreja destruiu-a"
Morreu o homem que, durante décadas, lutou contra a Igreja para obter justiça para as suas duas filhas.
© Reuters
Mundo Austrália
Emma e Katie tinham cinco e seis anos quando começaram a ser abusadas sexualmente por um padre na escola primária que frequentavam em Melbourne, na Austrália.
Os abusos prolongaram-se por anos até que a verdade chegou aos pais. Desde então, Anthony e Chrissie Foster lutaram publicamente para que a Igreja reconhecesse a existência de pedofilia no interior da instituição.
No ano passado, este pai com então 63 anos deu uma entrevista em Roma enquanto segurava uma fotografia antiga das suas duas filhas em crianças, conta a BBC.
“Um padre católico violou-as na época em que esta foto foi tirada e é por isso que lutamos há tanto tempo. Esta era a minha família perfeita. Nós fizemo-la assim e a Igreja Católica destruiu-a”, disse Anthony.
A luta deste pai chegou ao fim no início deste mês. Depois de ter sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC), Anthony morreu, mas o seu legado não foi esquecido.
O seu funeral teve direito a honras de Estado, pois dedicou toda a sua vida a defender as crianças vítimas de abusos sexuais, tendo contribuído para que a sociedade australiana encarasse o problema de outra forma.
Quanto às duas filhas do ativista, uma morreu e a outra tem graves problemas de saúde. Emma tornou-se toxicodependente. Quando tinha 26 anos, em 2008, tomou uma dose excessiva de medicamentos e morreu abraçada a um urso de peluche que lhe tinham oferecido no primeiro aniversário.
Katie não teve sorte melhor. Viciada em álcool, a jovem foi atropelada em 1999, tendo ficado com deficiências físicas e mentais profundas, necessitando, por isso, de cuidados constantes.
Quanto ao padre responsável pela destruição desta família, Kevin O’Donnell, já havia sido acusado de pedofilia em 1958. Uma investigação culminou com a sua condenação a prisão efetiva em 1995. Dois anos depois morreu.
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