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Corte de relações com Qatar deve-se a pagamento de resgate a extremistas

O pagamento pelo Qatar de mil milhões de dólares de resgate por membros da família real raptados no Iraque terá estado na origem do corte de relações de vários países árabes com Doha, segundo o Financial Times (FT).

Corte de relações com Qatar deve-se a pagamento de resgate a extremistas
Notícias ao Minuto

13:53 - 07/06/17 por Lusa

Mundo Financial Times

O Qatar pagou mil milhões de dólares (887 milhões de euros) para libertar 26 membros da família real raptados no Iraque enquanto se encontravam numa viagem de caça, de acordo com o diário britânico, que cita pessoas envolvidas no acordo de resgate.

Esse resgate estará por detrás do corte de relações com Doha por parte da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bahrein, anunciado na passada segunda-feira.

De acordo com comandantes de grupos rebeldes e membros do governo na região ao FT, o Qatar negociou a libertação de 26 membros da família real que participaram numa caçada com falcões no sul do Iraque, mas também de cerca de 50 militantes capturados pelos jihadistas na Síria.

Segundo estas fontes, o Qatar terá pago o resgate a duas das forças cimeiras na lista negra das organizações terroristas na região: uma afiliada da Al Qaeda que combate na Síria e a elementos das forças de segurança iranianas.

O negócio, concluído em abril, fez aumentar as preocupações entre os vizinhos do Qatar sobre o posicionamento do pequeno país rico em gás natural face aos conflitos na região e na passada segunda-feira, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bahrein anunciaram o corte de relações acusando o Qatar de financiar o extremismo islâmico.

A medida foi apoiada no dia seguinte pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que justificou o apoio tácito ao isolamento do Qatar com a sugestão de que o pequeno Estado financiava grupos extremistas.

"O pagamento do resgate foi a palha que fez derrear o camelo", afirmou ao FT um observador na região do Golfo não identificado.

Doha tem rejeitado as acusações de que financiou grupos terroristas e considerou o bloqueio dos países vizinhos "baseado em alegações sem fundamento", segundo fonte oficial não identificada ao FT.

O diário britânico cita ainda uma "fonte próxima do Governo do Qatar", que reconheceu que foram feitos "pagamentos", ainda que desconhecesse os montantes envolvidos e a quem o dinheiro foi entregue.

O Qatar é um aliado dos Estados Unidos, que têm ali instalada uma base militar, mas desde há muito que suscita críticas dos países vizinhos, que o consideram uma irritante "carta fora do baralho", que tem usado a sua imensa riqueza para alavancar um estatuto diplomático que não lhe reconhecem.

Doha tem-se apresentado como um ator neutro, com a capacidade de desempenhar o papel de intermediário nos conflitos regionais e de oferecer os seus bons ofícios a vários grupos rebeldes, desde a região do Darfur, no Sudão, aos talibãs, no Afeganistão, ou ao Hamas, na Faixa de Gaza.

Os seus críticos, nomeadamente a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, acusam, porém, Doha de usar essas intervenções para fazer jogo duplo e financiar os grupos radicais islâmicos, sendo os casos mais recentes os da Síria e da Líbia. O negócio do resgate é, neste contexto, apenas o último incidente.

"Se querem saber como o Qatar financia os jihadistas, não é preciso procurar para além do acordo de resgate", afirmou ao FT um membro da oposição na Síria, que colaborou com um mediador da Al Qaeda na troca de reféns na Síria. "E este não é o primeiro caso -- é apenas um de uma série desde o início da guerra", acrescentou.

O diário britânico falou com diversas fontes, em ambos os lados, envolvidas no acordo de resgate, incluindo dois membros do Governo iraquiano na região, três membros da milícia chiita no Iraque e duas figuras da oposição síria.

Cerca de 700 milhões de dólares foram pagos a figuras iranianas e às milícias chiitas no Iraque, apoiadas pelo Irão, segundo membros do Governo regional iraquiano, que acrescentaram que entre 200 e 300 milhões de dólares foram entregues a grupos islamitas radicais na Síria, principalmente ao grupo Tahrir al-Sham, com ligações à Al Qaeda.

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