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Polícias em 'manif' contra cortes recordam 'secos e molhados'

Cerca de meia centena de polícias e sindicalistas manifestaram-se hoje em Lisboa contra cortes nas pensões, aproveitando o 28.º aniversário dos confrontos entre polícias na Praça do Comércio, que ficaram conhecidos como "secos e molhados".

Polícias em 'manif' contra cortes recordam 'secos e molhados'
Notícias ao Minuto

19:39 - 21/04/17 por Lusa

País Lisboa

Os polícias, muitos deles reformados, empunharam cartazes onde se podia ler frases como "Dizemos Basta, Vencimentos Congelados, Índices Congelados" ou "50 anos de descontos, 50% de reforma".

A manifestação, que decorreu pacificamente e sem palavras de ordem, foi organizada pelo Sindicato Independente Livre da Polícia (SILP), um dos muitos sindicatos na força de segurança.

Os reformados da PSP "estão a ser muito penalizados com os cortes nas suas reformas", disse a presidente do SILP, Mónica Sério, que lamentou a grande diferença entre os cortes nas reformas sofridos pela PSP e pela GNR (com menores cortes).

"Neste momento temos reformados da PSP a passar necessidades, levando cortes de cerca de 400 euros por mês", assegurou.

António Ramos, antigo dirigente sindical e que há 28 anos esteve na Praça do Comércio quando o Corpo de Intervenção carregou contra os polícias que exigiam sindicatos na corporação, lembrou os momentos difíceis de então para concluir: "hoje a situação é bem pior".

É que, justificou, quando os agora reformados entraram para a PSP, há "30 ou 40 anos", foi-lhes dito que teriam a reforma por inteiro aos 55 anos. "Neste momento é uma vergonha o que estão a fazer aos polícias, que cumpriram o contrato, deram tudo o que tinham, e agora ficam sem 400 euros da sua reforma".

A lei que uniformiza as regras de cálculo para os elementos das forças de segurança, para efeitos de aposentação, deixou de fora alguns polícias (aposentados antes de 2014 e 2015), disse António Ramos, estimando em 500 elementos os que estão a sofrer os maiores cortes nas pensões.

António Ramos disse à Lusa que desde 2006 que os polícias em Portugal estão a perder direitos e poder de compra, pior do que há 28 anos, quando pela janela de uma sala do Ministério da Administração Interna viu canhões de água serem usados contra os colegas que aguardavam na rua a delegação (ele incluído) que queria ser recebida pelo Governo.

Levava na mão uma moção para entregar ao ministro ou secretário de Estado e recusou-se a entregá-la a um funcionário do Ministério, recebendo então ordem de prisão, em conjunto com os outros cinco ativistas presentes, como recordou hoje.

Os polícias queriam liberdade sindical, uma folga semanal, melhores vencimentos e melhores condições de trabalho e foram recebidos com canhões de água, na rua, e com uma detenção na esquadra de Queluz até ao dia seguinte, lembrou António Ramos.

José Raul foi outro dos presentes na Praça do Comércio há 28 anos, mas ao contrário de António Ramos esteve na rua, de braço dado com outros polícias na primeira linha a aguentar os jatos de água.

"Viemos ordeiramente. É certo que estávamos fardados, mas não esperávamos ser recebidos daquela forma. E ainda bem que fomos, porque aí nasceu o sindicalismo da PSP, e se não tivesse sido essa força, essa presença, ainda hoje não existiam sindicatos", afiançou.

José Raul lembrou os primórdios do associativismo na PSP, as reuniões em segredo, para concluir que "valeu a pena".

Mas há 28 anos, do lado oposto àquele onde estava hoje, podia ter corrido mal. A grande maioria dos polícias não estava armada, mas tinha "bastado alguém sacar da arma e teria sido um banho de sangue".

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