Motas a circular na faixa bus em Lisboa? Associações estão divididas
A Câmara de Lisboa deverá debater na quinta-feira o alargamento a toda a cidade da permissão de circulação de motas nas faixas reservadas a transportes públicos, mas associações ouvidas pela Lusa não são unânimes quanto ao assunto.
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País Lisboa
A permissão de circulação dos motociclos nas faixas de transportes públicos é já uma realidade em três artérias da cidade, onde foi feito um estudo de 180 dias.
A proposta foi aprovada há um ano pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), que optou por experimentar a ideia nas avenidas Calouste Gulbenkian e de Berna (entre a Praça de Espanha e o Largo Azeredo Perdigão) e na Rua Braamcamp (entre a Rua Rodrigo da Fonseca e a Rua Duque de Palmela).
Já em fevereiro de 2015, a vereação havia aprovado por unanimidade uma proposta apresentada pelo CDS-PP, no mesmo sentido.
Na reunião privada de quinta-feira, os vereadores deverão voltar a esta questão, uma vez que a CML quer pôr em cima da mesa o alargamento da permissão a toda a cidade.
Para o presidente do Automóvel Clube de Portugal, "devem ser feitas mais experiências em avenidas com mais tráfego, onde as motas realmente tenham de fugir ao trânsito", antes de a medida ser implementada de forma definitiva.
"Era importante uma experiência verdadeira antes de autorizar esta medida a 100%", advogou Carlos Barbosa em declarações à agência Lusa, salientando que esta medida "vai dificultar ainda mais o transporte público" e "pode pôr em causa a segurança dos motociclistas".
Por seu turno, o presidente da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) descarta essa questão, "uma vez que os motoristas da Carris são profissionais" e "os motociclistas estão mais sujeitos ao perigo nas faixas normais, porque os automobilistas não têm atenção e respeito para com as motas".
A questão principal, na opinião de Manuel João Ramos, "é o défice enorme de faixas 'bus'", e "ao mesmo tempo que se faz esta experiência, a autarquia devia aumentar também o número de faixas", apontou o presidente da ACA-M, advogando que é uma "medida mesmo urgente".
A Federação de Motociclismo de Portugal mostra-se favorável à medida, considerando que "seria uma mais-valia para o trânsito" na cidade, e "quanto mais cedo for implementada melhor".
A única crítica do presidente, Manuel Marinheiro, é que a medida "peca por tardia".
Na última reunião da CML, a 09 de março, o CDS-PP apresentou uma moção com vista ao alargamento a toda a cidade da permissão de circulação dos motociclos nas faixas de transportes públicos.
O vereador João Gonçalves Pereira acabou por retirar a moção, uma vez que a CML se comprometeu a "fazer o alargamento e apresentar na próxima reunião [a 23 de março] o calendário" dessa execução.
Hoje, o vereador centrista disse à Lusa que "a moção do CDS-PP teve o seu efeito, porque levou a que a maioria socialista se lembrasse que tinha sido aprovado um projeto-piloto por seis meses e, entretanto, já passou um ano".
Na opinião do autarca, esta é uma "medida que só traz benefícios e não acarreta custos para o erário público", justificando que "as motas não vão atrasar nem criar transtornos ao que é a circulação normal da faixa dos transportes públicos".
Para o eleito do CDS-PP, a "questão fundamental é a segurança", e entre os benefícios da circulação em duas rodas, aponta "a redução do volume de trânsito, a libertação de estacionamento ou a manutenção do pavimento".
Gonçalves Pereira defendeu também que a CML "tem encarado os motociclistas como o parente pobre da mobilidade" e a "falta de estacionamento para motas evidencia isso".
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