Almaraz. Depois de tensão entre países vizinhos, hoje é dia de reunir
O ministro português do Ambiente reúne-se hoje em Madrid com os responsáveis espanhóis do Ambiente e da Energia para discutir a intenção de construir um aterro na central nuclear de Almaraz, processo que Espanha já garantiu não estar encerrado.
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País Central nuclear
O Governo português tinha garantido que não participaria nesta reunião, anteriormente agendada, caso o executivo espanhol confirmasse a sua decisão, conhecida no final de dezembro, de construir um aterro para resíduos nucleares em Almaraz, a 100 quilómetros da fronteira portuguesa.
O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, reúne-se pelas 11h30 em Madrid (menos uma hora em Lisboa) com a sua homóloga espanhola, Isabel García Tejerina, e com o ministro da Energia, Álvaro Nadal, nas instalações do ministério do Ambiente na capital espanhola.
A decisão de Matos Fernandes de participar na reunião foi anunciada depois de as autoridades espanholas terem garantido a Portugal que "o processo do Armazém Temporário Individualizado de resíduos nucleares de Almaraz não está encerrado", divulgou esta quarta-feira o ministério do Ambiente.
Para a reunião, além do tema da central de Almaraz, o Governo português leva também a intenção de "iniciar uma conversa sobre a revisão da Convenção de Albufeira", que rege a forma como os rios internacionais são geridos entre Espanha e Portugal.
O responsável do Ambiente anunciou, na semana passada, que Portugal iria apresentar uma queixa junto da Comissão Europeia contra Espanha para contestar a decisão, que Lisboa considera desrespeitar diretivas comunitárias por não avaliar o impacto transfronteiriço da nova estrutura na central nuclear.
Nos últimos dias, as diplomacias "trabalharam intensamente" para procurar que o encontro de hoje fosse "uma reunião útil", o que no entender das autoridades lusas significava a existência de margem para discutir o tema, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva.
O chefe da diplomacia portuguesa reconheceu estar em causa "um diferendo" com Espanha, mas acentuou sempre a intenção de o ultrapassar a nível "político e diplomático", ressaltando a relação "muito próximo e muito amiga" com Espanha, mas admitiu que, caso isso falhasse, Lisboa avançaria com a queixa.
O parlamento português aprovou na sexta-feira, por unanimidade, um voto comum de condenação da opção de construir uma central de armazenamento em Almaraz, Espanha.
"A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, condena a possibilidade de decisão do Governo espanhol sobre um projeto de construção de um armazém para resíduos nucleares em Almaraz, com evidentes impactos e riscos transfronteiriços, ignorando o Governo e a população de Portugal", refere o texto.
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