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Mário Tropa mostra um percurso coerente de 50 anos de pintura

O labirinto presente numa das primeiras obras de Mário Tropa poderia servir de analogia para uma exposição patente em Santarém, até sábado, que mostra "a coerência de um percurso quase circular" de 50 anos de pintura e desenho.

Mário Tropa mostra um percurso coerente de 50 anos de pintura
Notícias ao Minuto

14:08 - 11/01/17 por Lusa

Cultura Santarém

'Fragmentos de um discurso interior -- 50 anos de pintura', instalada em dois espaços da cidade de Santarém - no Fórum Mário Viegas (os trabalhos em papel) e no Palácio Landal (as telas) - mostra parte das muitas obras que este artista plástico, natural de Lisboa e ribatejano por opção, foi guardando e das quais não se desfaria "de maneira nenhuma".

Mário Tropa reuniu 60 a 70 das suas obras -- "na melhor das hipóteses 5%" de tudo o que fez -, representativas de um percurso iniciado na década de 1960, quando ainda era estudante de Belas-Artes em Lisboa.

"Lisboa foi a parte mais académica", ilustrada aqui por alguns dos desenhos que estiveram na primeira exposição coletiva em que participou, em 1966, e que reuniu jovens pintores e jovens poetas.

"Poderá haver alguma diferença entre o que era o trabalho académico, ainda muito ligado à escola, e depois um trabalho mais livre, em que Santarém [onde foi colocado para dar aulas], como cidade, teve muita importância: a arquitetura, o ambiente, o modo de viver", disse à agência Lusa.

"Vinha para viver um ano e estou há quase 60. Foi de facto muito marcante na minha vida, como professor e como artista", acrescentou.

"Não sou um desenhador ou um pintor de exteriores. Trabalho sozinho, fechado em casa, no 'atelier'. Não é uma influência direta da arquitetura de uma cidade ou da sua vivência que se vai notar. É mais uma absorção desse ambiente que depois transporto, especialmente para o desenho".

Mário Tropa "pega" nas estruturas, muitas vezes reais, "desmanchando-as e reconstruindo, ou associando a outras, dando uma visão mais surrealizante da visão realista".

"Embora tenha feito a aprendizagem numa época muito académica e obrigatória, procurei ser do meu tempo, estar atualizado e a acompanhar, à minha maneira, o que eram as minhas alterações de pensamento e de intensões. Julgo que isso se reflete um bocadinho nos trabalhos", disse à Lusa.

Nos seus trabalhos, "muito raramente há um desenho prévio, uma ideia prévia. As coisas vão nascendo quase como se fossem cogumelos a surgir".

"É um encadeado, é como se estivéssemos a fazer uma tapeçaria e vamos cosendo as coisas umas às outras. Vão-se tapando umas coisas com as outras".

"Costumo dizer, mais do que uma representação, a maior parte do meu trabalho são ocultações em que só bocadinhos é que aparecem. O resto está escondido, tapado, deixando às pessoas a imaginação de tentarem, com esses indícios, ir mais além. Mas esse é um trabalho dos observadores [...] nem me interessa dar grandes informações, grandes títulos", acrescentou.

À pintura, Mário Tropa adicionou, nos últimos anos, a tarefa de dinamizar o espaço da biblioteca municipal de Mação, concelho a que se ligou desde que, depois da aposentação, recuperou uma casa de família na aldeia de Castelo. Aí, veio o gosto pela investigação histórica, sobre as origens e as pessoas da aldeia de Castelo e sobre os soldados do concelho que foram à Primeira Grande Guerra, que talvez venha a publicar.

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